Já escrevi sobre isso aqui, mas após uma conversa que tive meses atrás, não posso deixar de voltar ao tema…
Você, que adora apontar o dedo para o meu nariz acusativamente – o que, aliás, é 100% desnecessário, pois nunca neguei que sou preconceituosa – com certeza tem seus próprios preconceitos. Todo mundo tem.
Sim, é óbvio que estas pessoas
têm sentimentos e têm QI (aliás, se tem uma coisa que não me faz invejar as gostosas profissionais é que elas nunca vão saber ao certo quando um cara gosta mesmo delas ou se aproximou – e continua com elas – meramente por causa de suas taras babonas. “Nunca” não…na verdade, assim que elas saírem do holofote, pois deixaram de se cuidar, ou pelo simples fato de que o tempo passou, aí quem sabe elas terão a chance de serem vistas pelo que realmente não, e não pela coxona, bundona ou peitão que outrora ostentavam e atraíam tantos olhares e paus) – algumas delas se bobear devem ter QI muito mais alto que o nosso *rs* (uma vez conheci uma groupie lindíssima e de inteligência acima da média).
Só que…todos sabem (se não sabem, deveriam saber!): é necessário muito tempo, investimento econômico e dedicação para atingir o grau de perfeição corporal (e de habilidades sexuais) universalmente admirado. É uma questão basicamente matemática: quando são necessárias 8 horas diárias para a manutenção e o aperfeiçoamento corporal e sexual, tais 8 horas não podem ser dedicadas ao estudo ou ao ensino ou à pratica de atividades mais progressistas e úteis à humanidade, simples assim. Já dizia nossa querida e falecida Cecília Meireles, num poeminha para crianças:
Ou isto ou aquilo
Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo . . .
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
Em compensação, quem se dedica a atividades não-corporais, necessariamente vai ficar com o corpo dito “meia-boca”. Talvez não por completo, se fizer atividades físicas durante uma hora diariamente, mas nunca vai conseguir obter os mesmos resultados de quem se submete a inúmeros tratamentos de beleza e horas de malhação. Um equilíbrio perfeito entre trabalho intelectual e trabalho físico é muito difícil de se alcançar. Por isso minha grande admiração pelos monges do templo Shaolin (na verdade, os monges são apenas um exemplo específico…me refiro aqui a diversas filosofias orientais), que se dedicam com igual disciplina ao aprimoramento integral do corpo e da mente
O meu problema com a galera que costumo denominar “100% casca” (maldade! *rs*) é…bom, o meu problema com essa galera são vários, na verdade 😉 Vou tentar listar (sem ordem de importância):
- a questão do corpo como mercadoria, que é simplesmente brochante para mim…corpo como moeda de troca, como mecanismo de enganação ou de manipulação, enfim…
- o desperdício das potencialidades humanas – preciso elaborar?? Ok, todo mundo tem QI, as gostosas e os gostosos têm QI, beleza! – porém, por mais alto que seja esse QI, pode-se sempre aprimorá-lo
- o desperdício material (1) – nosso planeta já não está suficientemente devastado?? Quanto recurso natural gasto em mercadorias desnecessárias – cremes disso e daquilo, depiladores dos mais variados, trecos e cacarecos de plástico que depois vão inevitavelmente virar lixo, e por aí vai…
- o desperdício material (2) – a casca – por mais bem tratada que seja por exercícios físicos, dieta regrada, cremes anti-rugas, óleo perfumadinho, glitter, blablabla – vai morrer 😉 E, quando se for, o quê exatamente essa casca terá deixado no mundo (exceto seus restos para serem reciclados pela natureza)? Qual o legado da casca? A ideia de que o corpo é mercadoria? Ou quem sabe a ideia de que sem sacrifício e sofrimento (quem faz depilação com cera sabe! *rs*) não há beleza? 😉
- tá, precisaria elaborar muito mais sobre o desperdício das potencialidades humanas…as pessoas que poderiam ser ajudadas (mas não foram), as coisas que poderiam ser inventadas (mas não foram), a consciência que poderia atingir graus mais elevados de capacidade cognitiva…afff, juro que não sinto necessidade de elaborar esse argumento, pô, o desperdício das potencialidades é tão óbvio e tão absurdamente gigantesco que só um bocó não conseguiria perceber!
- o desperdício das oportunidades (escrevo mais abaixo)
Além da galera 100% casca, sabe quem mais tem QI e sentimentos? Essa galera aqui:
É, acho que você, que apontou o dedo para o meu nariz pelo meu preconceito contra as moças que se dedicam a atividades sobretudo eróticas (dos mais diversos graus), também tem preconceito. Você nunca olharia para uma uma mulher do lixão como olharia para uma mulher profissionalmente gostosa, e nem para essa moça aqui:
Ou para a Alison Lapper:
Você jamais as trataria da mesma forma. E todas tem QI! Todas têm sentimento!
Eu não posso deixar de ver a correlação, sabe? Entre a indiferença, o descaso e a miséria e o preconceito contra uns, e o protecionismo com outros. As gostosas sempre serão endeusadas, admiradas e cobiçadas.
Exclusivamente pelo corpo. Isso não é preconceito? Ah, pelo corpo e, segundo alguns bocós babões, porque “elas também têm sentimentos e QI, sabia??” *rs*
O meu problema com a “galera casca” não é só com o que essa galera deixa de realizar ao se dedicar exclusivamente ao corpo. É que essa galera teve – e tem – oportunidades que a galera do lixão, e a galera que faz parte do time dos deficientes físicos (tá, eu sei, “portadores de necessidades especiais”, que seja), jamais tiveram ou terão. A maioria dessas gostosas são provenientes das classes média ou média-alta, tiveram famílias estruturadas, estudaram em boas escolas (se aproveitaram delas ou não, aí são outros quinhentos…), enfim, tinham tudo para evoluir enquanto ser humano integral, mas preferiram pegar o “atalho”, porque é muito mais fácil dar umas reboladas, mostrar um pedaço do peitinho nos Big Brothers da vida, dormir com algum figurão de alguma emissora de TV, e voilà! 15 minutos de fama, capa da Playboy e uns milhões embolsados.
Bom, não sei se ficou claro o que eu queria dizer, estou com sono, talvez o texto tenha ficado confuso ou incompleto, mas de toda forma acho que deu pra sacar a essência da coisa, e complementar aquele meu primeiro post.
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