Nas garras do Magnífico – Estadão


Shamere é uma sobrevivente do tráfico humano, um crime que afeta 50 mil pessoas nos Estados Unidos, segundo o Departamento de Estado. Elas estão nas ruas e bordéis das grandes cidades, nos campos de tomate da Flórida ou nas plantações de maçã do Estado de Washington, nas casas de famílias nos subúrbios americanos e nas de diplomatas e altos funcionários de organizações internacionais em Washington, D.C. A Organização Internacional do Trabalho fala em 12,3 milhões de pessoas traficadas no mundo inteiro. O lucro gerado é de US$ 31,7 bilhões por ano. Livre de impostos. Isso faz do tráfico de pessoas a terceira modalidade mais lucrativa do crime organizado internacional, atrás somente do tráfico de drogas e armas.

leia mais aqui: Nas garras do Magnífico – suplementos – aliás – Estadão.

Eric Hobsbawm: “Me recuso a dizer que perdi a esperança”


Me recuso a dizer que perdi a esperança”. Para Hobsbawn, o capitalismo chegou ao seu limite.

Quando Eric Hobsbawm estava escrevendo “A Era do Capital” -lançado em 1975-, explicou que fazia um imenso esforço para estudar algo que não lhe agradava nem um pouco. Hoje, o historiador marxista diz ter o mesmo sentimento, “eu não gostava da burguesia vitoriana e ainda não gosto, embora apreciasse o dinamismo daquele tempo”. À essa impressão, porém, vem adicionando, nos últimos anos, mais uma, a nostalgia.

“Agora, quando comparo o século 19 com o 20, sinto simpatia pelo modo como aqueles homens acreditavam no progresso. Foi um século de esperança. E essa minha nostalgia cresce à medida que o tempo passa e vejo, com pessimismo, o que vem acontecendo”, diz.

(…)

Não vejo problema quando um intelectual, especialmente de países do Leste Europeu, percebe que a democracia é melhor do que o sistema autoritário em que vivia. É normal a mudança de posição quando surgem fatos novos. O ex-comunista que condeno é aquele que antes militava em grupos de esquerda e que hoje tem uma bandeira única, a de ser anticomunista apenas, esquecendo-se do resto das ideias pelas quais lutava. Também me entristece ver intelectuais jovens, que não passaram pela história dessas lutas, repetindo e tentando tirar benefício desse mesmo tipo de propaganda.

via Eric Hobsbawm: “Me recuso a dizer que perdi a esperança”.

Aprendendo a partir de uma carta de Einstein a Freud (e a carta-resposta)


Até pouco tempo atrás eu nem imaginava que ambos sequer tinham travado conhecimento um do outro (desinformada eu, né! *rs*). Claro, foi uma iniciativa da Liga das Nações (= a ONU antiga), ou seja, não foi uma troca “real” de correspondências, mas mesmo assim, tá valendo! Leiam e aprendam com dois dos tios mais importantes da história moderna 😉

POR QUE A GUERRA? (EINSTEIN E FREUD – 1933 [1932]

A presente tradução inglesa da carta de Freud é uma versão corrigida publicada em 1950. A carta de Einstein é incluída aqui com autorização de seus testamenteiros e, por solicitação destes, é apresentada na versão original inglesa de Stuart Gilbert. Parte do texto alemão da carta de Freud foi publicada em Psychoanal. Bewegung, 5 (1933), 207-16. Parte da tradução inglesa de 1933 foi incluída na obra de Rickman, Civilization, War and Death: Selections from Three Works by Sigmund Freud (1939), 82-97.

Foi em 1931 que o Instituto Internacional para a Cooperação Intelectual foi instruído pelo Comitê Permanente para a Literatura e as Artes da Liga das Nações a promover trocas de correspondência entre intelectuais de renome ‘a respeito de assuntos destinados a servir aos interesses comuns à Liga das Nações e à vida intelectual’, e a publicar essas cartas periodicamente. Entre os primeiros que o Instituto abordou estava Einstein, e foi ele quem sugeriu o nome de Freud. Assim sendo, em junho de 1932, o secretário do Instituto escreveu a Freud, convidando-o a participar, ao que ele prontamente acedeu. A carta de Einstein chegou-lhe no início de agosto, e sua resposta estava concluída um mês depois. A correspondência foi publicada em Paris, pelo Instituto, em março de 1933, em alemão, francês e inglês, simultaneamente. No entanto, sua circulação foi proibida na Alemanha.

Freud não ficou propriamente entusiasmado com o trabalho e qualificou-o como discussão enfadonha e estéril (Jones, 1957, 187). Einstein e Freud absolutamente nunca foram íntimos um do outro e apenas tiveram um encontro no início de 1927, na casa do filho mais novo de Freud, em Berlim. Em carta a Ferenczi, dando conta do ocorrido, Freud escreveu: ‘Ele entende tanto de psicologia quanto eu entendo de física, de modo que tivemos uma conversa muito agradável.’(Ibid., 139). Algumas cartas muito amistosas foram trocadas entre os dois, em 1936 e 1939. (Ibid., 217-18 e 259.)

Já anteriormente Freud escrevera sobre o tema da guerra: na primeira seção (‘The Disillusionment of War’) de seu artigo ‘Reflexões para os Tempos de Guerra e Morte’ (1915b), escrito logo após o início da primeira guerra mundial. Embora algumas das idéias expressas no presente artigo apareçam no anterior, elas estão mais estreitamente relacionadas às idéias contidas em seus escritos recentes sobre temas sociológicos — O Futuro de uma Ilusão (1927c) e O Mal-Estar na Civilização (1930a). Um interesse especial surge aqui em relação a um desenvolvimento maior de pontos de vista de Freud sobre civilização como ‘processo’, que tinham sido apresentados por ele em diversos tópicos do último desses trabalhos mencionados (por exemplo, no final do Capítulo III, Edição Standard Brasileira, Vol. XXI, págs. 117-18, IMAGO Editora, 1974, e na última parte do Capítulo VIII, ibid., pág. 164 e segs.). Também retoma, uma vez mais, o tema do instinto destrutivo, sobre o qual discorrera extensamente nos Capítulos V e VI do mesmo livro, e ao qual haveria de retornar em escritos posteriores. (Cf. a Introdução do Editor Inglês a O Mal-Estar na Civilização, ibid., págs. 78-80.)

CARTA DE EINSTEIN

Caputh junto a Potsdam, 30 de julho de 1932

Prezado Professor Freud,

A proposta da Liga das Nações e de seu Instituto Internacional para a Cooperação Intelectual, em Paris, de que eu convidasse uma pessoa, de minha própria escolha, para um franco intercâmbio de pontos de vista sobre algum problema que eu poderia selecionar, oferece-me excelente oportunidade de conferenciar com o senhor a respeito de uma questão que, da maneira como as coisas estão, parece ser o mais urgente de todos os problemas que a civilização tem de enfrentar. Este é o problema: Existe alguma forma de livrar a humanidade da ameaça de guerra? É do conhecimento geral que, com o progresso da ciência de nossos dias, esse tema adquiriu significação de assunto de vida ou morte para a civilização, tal como a conhecemos; não obstante, apesar de todo o empenho demonstrado, todas as tentativas de solucioná-lo terminaram em lamentável fracasso.

Ademais, acredito que aqueles cuja atribuição é atacar o problema de forma profissional e prática, estão apenas adquirindo crescente consciência de sua impotência para abordá-lo, e agora possuem um vivo desejo de conhecer os pontos de vistas de homens que, absorvidos na busca da ciência, podem mirar os problemas do mundo na perspectiva que a distância permite. Quanto a mim, o objetivo habitual de meu pensamento não me permite uma compreensão interna das obscuras regiões da vontade e do sentimento humano. Assim, na indagação ora proposta, posso fazer pouco mais do que procurar esclarecer a questão em referência e, preparando o terreno das soluções mais óbvias, possibilitar que o senhor proporcione a elucidação do problema mediante o auxílio do seu profundo conhecimento da vida instintiva do homem. Existem determinados obstáculos psicológicos cuja existência um leigo em ciências mentais pode obscuramente entrever, cujas inter-relações e filigranas ele, contudo, é incompetente para compreender; estou convencido de que o senhor será capaz de sugerir métodos educacionais situados mais ou menos fora dos objetivos da política, os quais eliminarão esses obstáculos.

Como pessoa isenta de preconceitos nacionalistas, pessoalmente vejo uma forma simples de abordar o aspecto superficial (isto é, administrativo) do problema: a instituição, por meio de acordo internacional, de um organismo legislativo e judiciário para arbitrar todo conflito que surja entre nações. Cada nação submeter-se-ia à obediência às ordens emanadas desse organismo legislativo, a recorrer às suas decisões em todos os litígios, a aceitar irrestritamente suas decisões e a pôr em prática todas as medidas que o tribunal considerasse necessárias para a execução de seus decretos. Já de início, todavia, defronto-me com uma dificuldade; um tribunal é uma instituição humana que, em relação ao poder de que dispõe, é inadequada para fazer cumprir seus veredictos, está muito sujeito a ver suas decisões anuladas por pressões extrajudiciais. Este é um fato com que temos de contar; a lei e o poder inevitavelmente andam de mãos dadas, e as decisões jurídicas se aproximam mais da justiça ideal exigida pela comunidade (em cujo nome e em cujos interesses esses veredictos são pronunciados), na medida em que a comunidade tem efetivamente o poder de impor o respeito ao seu ideal jurídico. Atualmente, porém, estamos longe de possuir qualquer organização supranacional competente para emitir julgamentos de autoridade incontestável e garantir absoluto acatamento à execução de seus veredictos. Assim, sou levado ao meu primeiro princípio; a busca da segurança internacional envolve a renúncia incondicional, por todas as nações, em determinada medida, à sua liberdade de ação, ou seja, à sua soberania, e é absolutamente evidente que nenhum outro caminho pode conduzir a essa segurança.

O insucesso, malgrado sua evidente sinceridade, de todos os esforços, durante a última década, no sentido de alcançar essa meta, não deixa lugar à dúvida de que estão em jogo fatores psicológicos de peso que paralisam tais esforços. Alguns desses fatores são mais fáceis de detectar. O intenso desejo de poder, que caracteriza a classe governante em cada nação, é hostil a qualquer limitação de sua soberania nacional. Essa fome de poder político está acostumada a medrar nas atividades, de um outro grupo, cujas aspirações são de caráter econômico, puramente mercenário. Refiro-me especialmente a esse grupo reduzido, porém decidido, existente em cada nação, composto de indivíduos que, indiferentes às condições e aos controles sociais, consideram a guerra, a fabricação e venda de armas simplesmente como uma oportunidade de expandir seus interesses pessoais e ampliar a sua autoridade pessoal.

O reconhecimento desse fato, no entanto, é simplesmente o primeiro passo para uma avaliação da situação atual. Logo surge uma outra questão: como é possível a essa pequena súcia dobrar a vontade da maioria, que se resigna a perder e a sofrer com uma situação de guerra, a serviço da ambição de poucos? (Ao falar em maioria, não excluo os soldados, de todas as graduações, que escolheram a guerra como profissão, na crença de que estejam servindo à defesa dos mais altos interesses de sua raça e de que o ataque seja, muitas vezes, o melhor meio de defesa.) Parece que uma resposta óbvia a essa pergunta seria que a minoria, a classe dominante atual, possui as escolas, a imprensa e, geralmente, também a Igreja, sob seu poderio. Isto possibilita organizar e dominar as emoções das massas e torná-las instrumento da mesma minoria.

Ainda assim, nem sequer essa resposta proporciona uma solução completa. Daí surge uma nova questão: como esses mecanismos conseguem tão bem despertar nos homens um entusiasmo extremado, a ponto de estes sacrificarem suas vidas? Pode haver apenas uma resposta. É porque o homem encerra dentro de si um desejo de ódio e destruição. Em tempos normais, essa paixão existe em estado latente, emerge apenas em circunstâncias anormais; é, contudo, relativamente fácil despertá-la e elevá-la à potência de psicose coletiva. Talvez aí esteja o ponto crucial de todo o complexo de fatores que estamos considerando, um enigma que só um especialista na ciência dos instintos humanos pode resolver.

Com isso, chegamos à nossa última questão. É possível controlar a evolução da mente do homem, de modo a torná-lo à prova das psicoses do ódio e da destrutividade? Aqui não me estou referindo tão-somente às chamadas massas incultas. A experiência prova que é, antes, a chamada ‘Intelligentzia’ a mais inclinada a ceder a essas desastrosas sugestões coletivas, de vez que o intelectual não tem contato direto com o lado rude da vida, mas a encontra em sua forma sintética mais fácil — na página impressa.

Para concluir: Até aqui somente falei das guerras entre nações, aquelas que se conhecem como conflitos internacionais. Estou, porém, bem consciente de que o instinto agressivo opera sob outras formas e em outras circunstâncias. (Penso nas guerras civis, por exemplo, devidas à intolerância religiosa, em tempos precedentes, hoje em dia, contudo, devidas a fatores sociais; ademais, também nas perseguições a minorias raciais.) Foi deliberada a minha insistência naquilo que é a mais típica, mais cruel e extravagante forma de conflito entre homem e homem, pois aqui temos a melhor ocasião de descobrir maneiras e meios de tornar impossíveis qualquer conflito armado.

Sei que nos escritos do senhor podemos encontrar respostas, explícitas ou implícitas, a todos os aspectos desse problema urgente e absorvente. Mas seria da maior utilidade para nós todos que o senhor apresentasse o problema da paz mundial sob o enfoque das suas mais recentes descobertas, pois uma tal apresentação bem poderia demarcar o caminho para novos e frutíferos métodos de ação.

Muito cordialmente,

A. EINSTEIN. Viena, setembro de 1932.

 

CARTA DE FREUD

Prezado Professor Einstein,

Quando soube que o senhor intencionava convidar-me para um intercâmbio de pontos de vista sobre um assunto que lhe interessava e que parecia merecer o interesse de outros além do senhor, aceitei prontamente. Esperava que o senhor escolhesse um problema situado nas fronteiras daquilo que é atualmente cognoscível, um problema em relação ao qual cada um de nós, físico e psicólogo, pudesse ter o seu ângulo de abordagem especial, e no qual pudéssemos nos encontrar, sobre o mesmo terreno, embora partindo de direções diferentes. O senhor apanhou-me de surpresa, no entanto, ao perguntar o que pode ser feito para proteger a humanidade da maldição da guerra. Inicialmente me assustei com o pensamento de minha — quase escrevi ‘nossa’ — incapacidade de lidar com o que parecia ser um problema prático, um assunto para estadistas. Depois, no entanto, percebi que o senhor havia proposto a questão, não na condição de cientista da natureza e físico, mas como filantropo: o senhor estava seguindo a sugestão da Liga das Nações, assim como Fridtjof Nansen, o explorador polar, assumiu a tarefa de auxiliar as vítimas famintas e sem teto da guerra mundial. Além do mais, considerei que não me pediam para propor medidas práticas, mas sim apenas que eu delimitasse o problema da evitação da guerra tal como ele se configura aos olhos de um cientista da psicologia. Também nesse ponto, o senhor disse quase tudo o que há a dizer sobre o assunto. Embora o senhor se tenha antecipado a mim, ficarei satisfeito em seguir no seu rasto e me contentarei com confirmar tudo o que o senhor disse, ampliando-o com o melhor do meu conhecimento — ou das minhas conjecturas.

O senhor começou com a relação entre o direito e o poder. Não se pode duvidar de que seja este o ponto de partida correto de nossa investigação. Mas, permita-me substituir a palavra ‘poder’ pela palavra mais nua e crua violência’? Atualmente, direito e violência se nos afiguram como antíteses. No entanto, é fácil mostrar que uma se desenvolveu da outra e, se nos reportarmos às origens primeiras e examinarmos como essas coisas se passaram, resolve-se o problema facilmente. Perdoe-me se, nessas considerações que se seguem, eu trilhar chão familiar e comumente aceito, como se isto fosse novidade; o fio de minhas argumentações o exige.

É, pois, um princípio geral que os conflitos de interesses entre os homens são resolvidos pelo uso da violência. É isto o que se passa em todo o reino animal, do qual o homem não tem motivo por que se excluir. No caso do homem, sem dúvida ocorrem também conflitos de opinião que podem chegar a atingir a mais raras nuanças da abstração e que parecem exigir alguma outra técnica para sua solução. Esta é, contudo, uma complicação a mais. No início, numa pequena horda humana, era a superioridade da força muscular que decidia quem tinha a posse das coisas ou quem fazia prevalecer sua vontade. A força muscular logo foi suplementada e substituída pelo uso de instrumentos: o vencedor era aquele que tinha as melhores armas ou aquele que tinha a maior habilidade no seu manejo. A partir do momento em que as armas foram introduzidas, a superioridade intelectual já começou a substituir a força muscular bruta; mas o objetivo final da luta permanecia o mesmo — uma ou outra facção tinha de ser compelida a abandonar suas pretensões ou suas objeções, por causa do dano que lhe havia sido infligido e pelo desmantelamento de sua força. Conseguia-se esse objetivo de modo mais completo se a violência do vencedor eliminasse para sempre o adversário, ou seja, se o matasse. Isto tinha duas vantagens: o vencido não podia restabelecer sua oposição, e o seu destino dissuadiria outros de seguirem seu exemplo. Ademais disso, matar um inimigo satisfazia uma inclinação instintual, que mencionarei posteriormente. À intenção de matar opor-se-ia a reflexão de que o inimigo podia ser utilizado na realização de serviços úteis, se fosse deixado vivo e num estado de intimidação. Nesse caso, a violência do vencedor contentava-se com subjugar, em vez de matar, o vencido. Foi este o início da idéia de poupar a vida de um inimigo, mas a partir daí o vencedor teve de contar com a oculta sede de vingança do adversário vencido e sacrificou uma parte de sua própria segurança.

Esta foi, por conseguinte, a situação inicial dos fatos: a dominação por parte de qualquer um que tivesse poder maior — a dominação pela violência bruta ou pela violência apoiada no intelecto. Como sabemos, esse regime foi modificado no transcurso da evolução. Havia um caminho que se estendia da violência ao direito ou à lei. Que caminho era este? Penso ter sido apenas um: o caminho que levava ao reconhecimento do fato de que à força superior de um único indivíduo, podia-se contrapor a união de diversos indivíduos fracos. ‘L’union fait la force.’ A violência podia ser derrotada pela união, e o poder daqueles que se uniam representava, agora, a lei, em contraposição à violência do indivíduo só. Vemos, assim, que a lei é a força de uma comunidade. Ainda é violência, pronta a se voltar contra qualquer indivíduo que se lhe oponha; funciona pelos mesmos métodos e persegue os mesmos objetivos. A única diferença real reside no fato de que aquilo que prevalece não é mais a violência de um indivíduo, mas a violência da comunidade. A fim de que a transição da violência a esse novo direito ou justiça pudesse ser efetuada, contudo, uma condição psicológica teve de ser preenchida. A união da maioria devia ser estável e duradoura. Se apenas fosse posta em prática com o propósito de combater um indivíduo isolado e dominante, e fosse dissolvida depois da derrota deste, nada se teria realizado. A pessoa, a seguir, que se julgasse superior em força, haveria de mais uma vez tentar estabelecer o domínio através da violência, e o jogo se repetiria ad infinitum. A comunidade deve manter-se permanentemente, deve organizar-se, deve estabelecer regulamentos para antecipar-se ao risco de rebelião e deve instituir autoridades para fazer com que esses regulamentos — as leis — sejam respeitadas, e para superintender a execução dos atos legais de violência. O reconhecimento de uma entidade de interesses como estes levou ao surgimento de vínculos emocionais entre os membros de um grupo de pessoas unidas — sentimentos comuns, que são a verdadeira fonte de sua força.

Acredito que, com isso, já tenhamos todos os elementos essenciais: a violência suplantada pela transferência do poder a uma unidade maior, que se mantém unida por laços emocionais entre os seus membros. O que resta dizer não é senão uma ampliação e uma repetição desse fato.

A situação é simples enquanto a comunidade consiste em apenas poucos indivíduos igualmente fortes. As leis de uma tal associação irão determinar o grau em que, se a segurança da vida comunal deve ser garantida, cada indivíduo deve abrir mão de sua liberdade pessoal de utilizar a sua força para fins violentos. Um estado de equilíbrio dessa espécie, porém, só é concebível teoricamente. Na realidade, a situação complica-se pelo fato de que, desde os seus primórdios, a comunidade abrange elementos de força desigual — homens e mulheres, pais e filhos — e logo, como conseqüência da guerra e da conquista, também passa a incluir vencedores e vencidos, que se transformam em senhores e escravos. A justiça da comunidade então passa a exprimir graus desiguais de poder nela vigentes. As leis são feitas por e para os membros governantes e deixa pouco espaço para os direitos daqueles que se encontram em estado de sujeição. Dessa época em diante, existem na comunidade dois fatores em atividade que são fonte de inquietação relativamente a assuntos da lei, mas que tendem, ao mesmo tempo, a um maior crescimento da lei. Primeiramente, são feitas, por certos detentores do poder, tentativas, no sentido de se colocarem acima das proibições que se aplicam a todos — isto é, procuram escapar do domínio pela lei para o domínio pela violência. Em segundo lugar, os membros oprimidos do grupo fazem constantes esforços para obter mais poder e ver reconhecidas na lei algumas modificações efetuadas nesse sentido — isto é, fazem pressão para passar da justiça desigual para a justiça igual para todos. Essa segunda tendência torna-se especialmente importante se uma mudança real de poder ocorre dentro da comunidade, como pode ocorrer em conseqüência de diversos fatores históricos. Nesse caso, o direito pode gradualmente adaptar-se à nova distribuição do poder; ou, como sucede com maior freqüência, a classe dominante se recusa a admitir a mudança e a rebelião e a guerra civil se seguem, com uma suspensão temporária da lei e com novas tentativas de solução mediante a violência, terminando pelo estabelecimento de um novo sistema de leis. Ainda há uma terceira fonte da qual podem surgir modificações da lei, e que invariavelmente se exprime por meios pacíficos: consiste na transformação cultural dos membros da comunidade. Isto, porém, propriamente faz parte de uma outra correlação e deve ser considerado posteriormente.Ver em [[1]].

Vemos, pois, que a solução violenta de conflitos de interesses não é evitada sequer dentro de uma comunidade. As necessidades cotidianas e os interesses comuns, inevitáveis ali onde pessoas vivem juntas num lugar, tendem, contudo, a proporcionar a essas lutas uma conclusão rápida, e, sob tais condições, existe uma crescente probabilidade de se encontrar uma solução pacífica. Outrossim, um rápido olhar pela história da raça humana revela uma série infindável de conflitos entre uma comunidade e outra, ou diversas outras, entre unidades maiores e menores — entre cidades, províncias, raças, nações, impérios —, que quase sempre se formaram pela força das armas. Guerras dessa espécie terminam ou pelo saque ou pelo completo aniquilamento e conquista de uma das partes. É impossível estabelecer qualquer julgamento geral das guerras de conquista. Algumas, como as empreendidas pelos mongóis e pelos turcos, não trouxeram senão malefícios. Outras, pelo contrário, contribuíram para a transformação da violência em lei, ao estabelecerem unidades maiores, dentro das quais o uso da violência se tornou impossível e nas quais um novo sistema de leis solucionou os conflitos. Desse modo, as conquistas dos romanos deram aos países próximos ao Mediterrâneo a inestimável pax romana, e a ambição dos reis franceses de ampliar os seus domínios criou uma França pacificamente unida e florescente. Por paradoxal que possa parecer, deve-se admitir que a guerra poderia ser um meio nada inadequado de estabelecer o reino ansiosamente desejado de paz ‘perene’, pois está em condições de criar as grandes unidades dentro das quais um poderoso governo central torna impossíveis outras guerras. Contudo, ela falha quanto a esse propósito, pois os resultados da conquista são geralmente de curta duração: as unidades recentemente criadas esfacelam-se novamente, no mais das vezes devido a uma falta de coesão entre as partes que foram unidas pela violência. Ademais, até hoje as unificações criadas pela conquista, embora de extensão considerável, foram apenas parciais, e os conflitos entre elas ensejaram, mais do que nunca, soluções violentas. O resultado de todos esses esforços bélicos consistiu, assim, apenas em a raça humana haver trocado as numerosas e realmente infindáveis guerras menores por guerras em grande escala, que são raras, contudo muito mais destrutivas.

Se nos voltamos para os nossos próprios tempos, chegamos a mesma conclusão a que o senhor chegou por um caminho mais curto. As guerras somente serão evitadas com certeza, se a humanidade se unir para estabelecer uma autoridade central a que será conferido o direito de arbitrar todos os conflitos de interesses. Nisto estão envolvidos claramente dois requisitos distintos: criar uma instância suprema e dotá-la do necessário poder. Uma sem a outra seria inútil. A Liga das Nações é destinada a ser uma instância dessa espécie, mas a segunda condição não foi preenchida: a Liga das Nações não possui poder próprio, e só pode adquiri-lo se os membros da nova união, os diferentes estados, se dispuserem a cedê-lo. E, no momento, parecem escassas as perspectivas nesse sentido. A instituição da Liga das Nações seria totalmente ininteligível se se ignorasse o fato de que houve uma tentativa corajosa, como raramente (talvez jamais em tal escala) se fez antes. Ela é uma tentativa de fundamentar a autoridade sobre um apelo a determinadas atitudes idealistas da mente (isto é, a influência coercitiva), que de outro modo se baseia na posse da força. Já vimos [[1]] que uma comunidade se mantém unida por duas coisas: a força coercitiva da violência e os vínculos emocionais (identificações é o nome técnico) entre seus membros. Se estiver ausente um dos fatores, é possível que a comunidade se mantenha ainda pelo outro fator. As idéias a que se faz o apelo só podem, naturalmente, ter importância se exprimirem afinidades importantes entre os membros, e pode-se perguntar quanta força essas idéias podem exercer. A história nos ensina que, em certa medida, elas foram eficazes. Por exemplo, a idéia do pan-helenismo, o sentido de ser superior aos bárbaros de além-fronteiras — idéia que foi expressa com tanto vigor no conselho anfictiônico, nos oráculos e nos jogos —, foi forte a ponto de mitigar os costumes guerreiros entre os gregos, embora, é claro, não suficientemente forte para evitar dissensões bélicas entre as diferentes partes da nação grega, ou mesmo para impedir uma cidade ou confederação de cidades de se aliar com o inimigo persa, a fim de obter vantagem contra algum rival. A identidade de sentimentos entre os cristãos, embora fosse poderosa, não conseguiu, à época do Renascimento, impedir os Estados Cristãos, tanto os grandes como os pequenos, de buscar o auxílio do sultão em suas guerras de uns contra os outros. E atualmente não existe idéia alguma que, espera-se, venha a exercer uma autoridade unificadora dessa espécie. Na realidade, é por demais evidente que os ideais nacionais, pelos quais as nações se regem nos dias de hoje, atuam em sentido oposto. Algumas pessoas tendem a profetizar que não será possível pôr um fim à guerra, enquanto a forma comunista de pensar não tenha encontrado aceitação universal. Mas esse objetivo, em todo caso, está muito remoto, atualmente, e talvez só pudesse ser alcançado após as mais terríveis guerras civis. Assim sendo, presentemente, parece estar condenada ao fracasso a tentativa de substituir a força real pela força das idéias. Estaremos fazendo um cálculo errado se desprezarmos o fato de que a lei, originalmente, era força bruta e que, mesmo hoje, não pode prescindir do apoio da violência.

Passo agora, a acrescentar algumas observações aos seus comentários. O senhor expressa surpresa ante o fato de ser tão fácil inflamar nos homens o entusiasmo pela guerra, e insere a suspeita, ver em[[1]], de que neles exige em atividade alguma coisa — um instinto de ódio e de destruição — que coopera com os esforços dos mercadores da guerra. Também nisto apenas posso exprimir meu inteiro acordo. Acreditamos na existência de um instinto dessa natureza, e durante os últimos anos temo-nos ocupado realmente em estudar suas manifestações. Permita-me que me sirva dessa oportunidade para apresentar-lhe uma parte da teoria dos instintos que, depois de muitas tentativas hesitantes e muitas vacilações de opinião, foi formulada pelos que trabalham na área da psicanálise?

De acordo com nossa hipótese, os instintos humanos são de apenas dois tipos: aqueles que tendem a preservar e a unir — que denominamos ‘eróticos’, exatamente no mesmo sentido em que Platão usa a palavra ‘Eros’ em seu Symposium, ou ‘sexuais’, com uma deliberada ampliação da concepção popular de ‘sexualidade’ —; e aqueles que tendem a destruir e matar, os quais agrupamos como instinto agressivo ou destrutivo. Como o senhor vê, isto não é senão uma formulação teórica da universalmente conhecida oposição entre amor e ódio, que talvez possa ter alguma relação básica com a polaridade entre atração e repulsão, que desempenha um papel na sua área de conhecimentos. Entretanto, não devemos ser demasiado apressados em introduzir juízos éticos de bem e de mal. Nenhum desses dois instintos é menos essencial do que o outro; os fenômenos da vida surgem da ação confluente ou mutuamente contrária de ambos. Ora, é como se um instinto de um tipo dificilmente pudesse operar isolado; está sempre acompanhado — ou, como dizemos, amalgamado — por determinada quantidade do outro lado, que modifica o seu objetivo, ou, em determinados casos, possibilita a consecução desse objetivo. Assim, por exemplo, o instinto de autopreservação certamente é de natureza erótica; não obstante, deve ter à sua disposição a agressividade, para atingir seu propósito. Dessa forma, também o instinto de amor, quando dirigido a um objeto, necessita de alguma contribuição do instinto de domínio, para que obtenha a posse desse objeto. A dificuldade de isolar as duas espécies de instinto em suas manifestações reais, é, na verdade, o que até agora nos impedia de reconhecê-los.

Se o senhor quiser acompanhar-me um pouco mais, verá que as ações humanas estão sujeitas a uma outra complicação de natureza diferente. Muito raramente uma ação é obra de um impulso instintual único (que deve estar composto de Eros e destrutividade). A fim de tornar possível uma ação, há que haver, via de regra, uma combinação desses motivos compostos. Isto, há muito tempo, havia sido percebido por um especialista na sua matéria, o professor G. C. Lichtenberg, que ensinava física em Göttingen, durante o nosso classicismo, embora, talvez, ele fosse ainda mais notável como psicólogo do que como físico. Ele inventou uma ‘bússola de motivos’, pois escreveu: ‘Os motivos que nos levam a fazer algo poderiam ser dispostos à maneira da rosa-dos-ventos e receber nomes de uma forma parecida: por exemplo, “pão — pão — fama” ou “fama — fama — pão”.’ De forma que, quando os seres humanos são incitados à guerra, podem ter toda uma gama de motivos para se deixarem levar — uns nobres, outros vis, alguns francamente declarados, outros jamais mencionados. Não há por que enumerá-los todos. Entre eles está certamente o desejo da agressão e destruição: as incontáveis crueldades que encontramos na história e em nossa vida de todos os dias atestam a sua existência e a sua força. A satisfação desses impulsos destrutivos naturalmente é facilitada por sua mistura com outros motivos de natureza erótica e idealista. Quando lemos sobre as atrocidades do passado, amiúde é como se os motivos idealistas servissem apenas de escusa para os desejos destrutivos; e, às vezes — por exemplo, no caso das crueldades da Inquisição — é como se os motivos idealistas tivessem assomado a um primeiro plano na consciência, enquanto os destrutivos lhes emprestassem um reforço inconsciente. Ambos podem ser verdadeiros.

Receio que eu possa estar abusando do seu interesse, que, afinal, se volta para a prevenção da guerra e não para nossas teorias. Gostaria, não obstante, de deter-me um pouco mais em nosso instinto destrutivo, cuja popularidade não é de modo algum igual à sua importância. Como conseqüência de um pouco de especulação, pudemos supor que esse instinto está em atividade em toda criatura viva e procura levá-la ao aniquilamento, reduzir a vida à condição original de matéria inanimada. Portanto, merece, com toda seriedade, ser denominado instinto de morte, ao passo que os instintos eróticos representam o esforço de viver. O instinto de morte torna-se instinto destrutivo quando, com o auxílio de órgãos especiais, é dirigido para fora, para objetos. O organismo preserva sua própria vida, por assim dizer, destruindo uma vida alheia. Uma parte do instinto de morte, contudo, continua atuante dentro do organismo, e temos procurado atribuir numerosos fenômenos normais e patológicos a essa internalização do instinto de destruição. Foi-nos até mesmo imputada a culpa pela heresia de atribuir a origem da consciência a esse desvio da agressividade para dentro. O senhor perceberá que não é absolutamente irrelevante se esse processo vai longe demais: é positivamente insano. Por outro lado, se essas forças se voltam para a destruição no mundo externo, o organismo se aliviará e o efeito deve ser benéfico. Isto serviria de justificação biológica para todos os impulsos condenáveis e perigosos contra os quais lutamos. Deve-se admitir que eles se situam mais perto da Natureza do que a nossa resistência, para a qual também é necessário encontrar uma explicação. Talvez ao senhor possa parecer serem nossas teorias uma espécie de mitologia e, no presente caso, mitologia nada agradável. Todas as ciências, porém, não chegam, afinal, a uma espécie de mitologia como esta? Não se pode dizer o mesmo, atualmente, a respeito da sua física?

Para nosso propósito imediato, portanto, isto é tudo o que resulta daquilo que ficou dito: de nada vale tentar eliminar as inclinações agressivas dos homens. Segundo se nos conta, em determinadas regiões privilegiadas da Terra, onde a natureza provê em abundância tudo o que é necessário ao homem, existem povos cuja vida transcorre em meio à tranqüilidade, povos que não conhecem nem a coerção nem a agressão. Dificilmente posso acreditar nisso, e me agradaria saber mais a respeito de coisas tão afortunadas. Também os bolchevistas esperam ser capazes de fazer a agressividade humana desaparecer mediante a garantia de satisfação de todas as necessidades materiais e o estabelecimento da igualdade, em outros aspectos, entre todos os membros da comunidade. Isto, na minha opinião, é uma ilusão. Eles próprios, hoje em dia, estão armados da maneira mais cautelosa, e o método não menos importante que empregam para manter juntos os seus adeptos é o ódio contra qualquer pessoa além das suas fronteiras. Em todo caso, como o senhor mesmo observou, não há maneira de eliminar totalmente os impulsos agressivos do homem; pode-se tentar desviá-los num grau tal que não necessitem encontrar expressão na guerra.

Nossa teoria mitológica dos instintos facilita-nos encontrar a fórmula para métodos indiretos de combater a guerra. Se o desejo de aderir à guerra é um efeito do instinto destrutivo, a recomendação mais evidente será contrapor-lhe o seu antagonista, Eros. Tudo o que favorece o estreitamento dos vínculos emocionais entre os homens deve atuar contra a guerra. Esses vínculos podem ser de dois tipos. Em primeiro lugar, podem ser relações semelhantes àquelas relativas a um objeto amado, embora não tenham uma finalidade sexual. A psicanálise não tem motivo porque se envergonhar se nesse ponto fala de amor, pois a própria religião emprega as mesmas palavras: ‘Ama a teu próximo como a ti mesmo.’ Isto, todavia, é mais facilmente dito do que praticado. O segundo vínculo emocional é o que utiliza a identificação. Tudo o que leva os homens a compartilhar de interesses importantes produz essa comunhão de sentimento, essas identificações. E a estrutura da sociedade humana se baseia nelas, em grande escala.

Uma queixa que o senhor formulou acerca do abuso de autoridade,ver em [[1]] leva-me a uma outra sugestão para o combate indireto à propensão à guerra. Um exemplo da desigualdade inata e irremovível dos homens é sua tendência a se classificarem em dois tipos, o dos líderes e o dos seguidores. Esses últimos constituem a vasta maioria; têm necessidade de uma autoridade que tome decisões por eles e à qual, na sua maioria devotam uma submissão ilimitada. Isto sugere que se deva dar mais atenção, do que até hoje se tem dado, à educação da camada superior dos homens dotados de mentalidade independente, não passível de intimidação e desejosa de manter-se fiel à verdade, cuja preocupação seja a de dirigir as massas dependentes. É desnecessário dizer que as usurpações cometidas pelo poder executivo do Estado e a proibição estabelecida pela Igreja contra a liberdade de pensamento não são nada favoráveis à formação de uma classe desse tipo. A situação ideal, naturalmente, seria a comunidade humana que tivesse subordinado sua vida instintual ao domínio da razão. Nada mais poderia unir os homens de forma tão completa e firme, ainda que entre eles não houvesse vínculos emocionais. No entanto, com toda a probabilidade isto é uma expectativa utópica. Não há dúvida de que os outros métodos indiretos de evitar a guerra são mais exeqüíveis, embora não prometam êxito imediato. Vale lembrar aquela imagem inquietante do moinho que mói tão devagar, que as pessoas podem morrer de fome antes de ele poder fornecer sua farinha.

O resultado, como o senhor vê, não é muito frutífero quando um teórico desinteressado é chamado a opinar sobre um problema prático urgente. É melhor a pessoa, em qualquer caso especial, dedicar-se a enfrentar o perigo com todos os meios à mão. Eu gostaria, porém, de discutir mais uma questão que o senhor não menciona em sua carta, a qual me interessa em especial. Por que o senhor, eu e tantas outras pessoas nos revoltamos tão violentamente contra a guerra? Por que não a aceitamos como mais uma das muitas calamidades da vida? Afinal, parece ser coisa muito natural, parece ter uma base biológica e ser dificilmente evitável na prática. Não há motivo para se surpreender com o fato de eu levantar essa questão. Para o propósito de uma investigação como esta, poder-se-ia, talvez, permitir-se usar uma máscara de suposto alheamento. A resposta à minha pergunta será a de que reagimos à guerra dessa maneira, porque toda pessoa tem o direito à sua própria vida, porque a guerra põe um término a vidas plenas de esperanças, porque conduz os homens individualmente a situações humilhantes, porque os compele, contra a sua vontade, a matar outros homens e porque destrói objetos materiais preciosos, produzidos pelo trabalho da humanidade. Outras razões mais poderiam ser apresentadas, como a de que, na sua forma atual, a guerra já não é mais uma oportunidade de atingir os velhos ideais de heroísmo, e a de que, devido ao aperfeiçoamento dos instrumentos de destruição, uma guerra futura poderia envolver o extermínio de um dos antagonistas ou, quem sabe, de ambos. Tudo isso é verdadeiro, e tão incontestavelmente verdadeiro, que não se pode senão sentir perplexidade ante o fato de a guerra ainda não ter sido unanimemente repudiada. Sem dúvida, é possível o debate em torno de alguns desses pontos. Pode-se indagar se uma comunidade não deveria ter o direito de dispor da vida dos indivíduos; nem toda guerra é passível de condenação em igual medida; de vez que existem países e nações que estão preparados para a destruição impiedosa de outros, esses outros devem ser armados para a guerra. Mas não me deterei em nenhum desses aspectos; não constituem aquilo que o senhor deseja examinar comigo, e tenho em mente algo diverso. Penso que a principal razão por que nos rebelamos contra a guerra é que não podemos fazer outra coisa. Somos pacifistas porque somos obrigados a sê-lo, por motivos orgânicos, básicos. E sendo assim, temos dificuldade em encontrar argumentos que justifiquem nossa atitude.

Sem dúvida, isto exige alguma explicação. Creio que se trata do seguinte. Durante períodos de tempo incalculáveis, a humanidade tem passado por um processo de evolução cultural. (Sei que alguns preferem empregar o termo ‘civilização’). É a esse processo que devemos o melhor daquilo em que nos tornamos, bem como uma boa parte daquilo de que padecemos. Embora suas causas e seus começos sejam obscuros e incerto o seu resultado, algumas de suas características são de fácil percepção. Talvez esse processo esteja levando à extinção a raça humana, pois em mais de um sentido ele prejudica a função sexual; povos incultos e camadas atrasadas da população já se multiplicam mais rapidamente do que as camadas superiormente instruídas. Talvez se possa comparar o processo à domesticação de determinadas espécies animais, e ele se acompanha, indubitavelmente, de modificações físicas; mas ainda não nos familiarizamos com a idéia de que a evolução da civilização é um processo orgânico dessa ordem. As modificações psíquicas que acompanham o processo de civilização são notórias e inequívocas. Consistem num progressivo deslocamento dos fins instintuais e numa limitação imposta aos impulsos instintuais. Sensações que para os nossos ancestrais eram agradáveis, tornaram-se indiferentes ou até mesmo intoleráveis para nós; há motivos orgânicos para as modificações em nossos ideais éticos e estéticos. Dentre as características psicológicas da civilização, duas aparecem como as mais importantes: o fortalecimento do intelecto, que está começando a governar a vida instintual, e a internalização dos impulsos agressivos com todas as suas conseqüentes vantagens e perigos. Ora, a guerra se constitui na mais óbvia oposição à atitude psíquica que nos foi incutida pelo processo de civilização, e por esse motivo não podemos evitar de nos rebelar contra ela; simplesmente não podemos mais nos conformar com ela. Isto não é apenas um repúdio intelectual e emocional; nós, os pacifistas, temos uma intolerância constitucional à guerra, digamos, uma idiossincrasia exacerbada no mais alto grau. Realmente, parece que o rebaixamento dos padrões estéticos na guerra desempenha um papel dificilmente menor em nossa revolta do que as suas crueldades.

E quanto tempo teremos de esperar até que o restante da humanidade também se torne pacifista? Não há como dizê-lo. Mas pode não ser utópico esperar que esses dois fatores, a atitude cultural e o justificado medo das conseqüências de uma guerra futura, venham a resultar, dentro de um tempo previsível, em que se ponha um término à ameaça de guerra. Por quais caminhos ou por que atalhos isto se realizará, não podemos adivinhar. Mas uma coisa podemos dizer: tudo o que estimula o crescimento da civilização trabalha simultaneamente contra a guerra.

Espero que o senhor me perdoe se o que eu disse o desapontou, e com a expressão de toda estima, subscrevo-me,

Cordialmente,

SIGM. FREUD

Grécia: arqueologia ameaçada pela ‘maldição’ dos deuses da crise


Roubos de antiguidades, escavações ilegais ou suspensas: a Grécia, asfixiada pela crise da dívida, encontra cada vez mais dificuldade para preservar e valorizar seu inestimável patrimônio arqueológico, hoje considerado um fardo a mais.

“Todas estas ruínas históricas da Grécia fazem parte, também, de nossa maldição,” desabafou una arqueóloga grega que preferiu não ter o nome divulgado, por sentir que, com uma declaração dessa, trairia seu ofício, sua alma e seu país.

No entanto, com essa palavra -“maldição”-, resume as contradições enfrentadas hoje pela Grécia e seu passado: o patrimônio histórico é uma das principais atrações turísticas do país, e o Estado conta com ele para reativar a economia, mas não possui meios para valorizá-lo e mesmo protegê-lo.

As escavações oficiais se veem paralisadas pela falta de verba e as ilegais se multiplicam pela ausência de segurança, denuncia a Associação de Arqueólogos Gregos.

“Encontramos cada vez mais escavações não registradas perto de sítios arqueológicos. Algumas são realizadas por semiprofissionais que sabem o que procuram, financiados pelas redes organizadas do tráfico de peças de arte. Outros, são desesperados que esperam descobrir um tesouro”, conta a presidente da Associação, Despina Koutsoumba, citando a descoberta de canteiros ilegais de obras num cemitério da época micênica em Dafni.

Só os terrenos trabalhados em cooperação com institutos arqueológicos estrangeiros sediados na Grécia perduram. E isso, em meio a grandes acrobacias.

“O Estado grego é obrigado a financiar um determinado percentual de escavações. Como não há nenhuma verba para isso no orçamento, o governo calcula o valor de cessão temporária de um hangar ou terreno, para driblar sua participação financeira”, explica.

A crise com seu pacote de medidas de austeridade atinge todo o setor, as atividades de pesquisa e de edição e as iniciativas pedagógicas para as crianças desapareceram dos museus. Os salários dos funcionários foram reduzidos a até 660 euros por mês.

A crise afeta, também, os turistas. O museu arqueológico de Atenas ou o museu de arte bizantino de Salônica fecham regularmente suas salas às visitas, por falta de guardas.

“Se não estão abertos ao público, não são museus, mas entrepostos” lamentou Despina Koutsoumba, que fez recentemente, em Atenas, um apelo internacional à “resistência” contra os “golpes ditados pelo FMI”, a fim de evitar que esta crise se propague para outros locais na Europa – “o Coliseu, o Louvre, e os museus da Alemanha”.

– Roubos de obras de arte –

Desde o começo do ano, dois roubos espetaculares de obras de arte nos museus, aparentemente por parte de bandos organizados, abalaram a Grécia, atestando as falhas na proteção do patrimônio, conhecidas há muito tempo, mas agravadas pelos cortes no orçamento, devido à crise.

Cerca de 60 peças antigas, cujos vestígios remontam ao século X antes de nossa era, foram roubadas em fevereiro num museu de Olímpia, berço dos jogos Olímpicos. Em janeiro, três obras, entre elas um retrato de mulher doado por Picasso à Grécia e um Mondrian, foram roubados da Galeria Nacional.

“A pobreza e as más condições de vida estavam presentes nas décadas de 50 e 60, mas ninguém, na época, ousava roubar um museu”, disse o ministro da Cultura Pavlos Geroulanos, que pediu demissão logo após o roubo do Olímpia, recusada pelo primeiro-ministro Lucas Papademos.

Dos 106 museus arqueológicos e bizantinos, passando pelos 250 sítios organizados e 19.000 declarados com que conta a Grécia, apenas um punhado permanece ainda rigorosamente preservado: a Acrópole de Atenas, o monumento mais visitado da Grécia, com seu canteiro de restauração financiado pela União Europeia, e Knossos, o maior sítio arqueológico da Idade do Bronze na ilha grega de Creta, além de Delfos, Olímpia e Vergina, perto de Salônica, no norte.

Em todos os locais, a situação é difícil. Em Corinto, o local escavado pela escola arqueológica americana, fecha aos visitantes às 15h00 por falta de funcionários; e alguns museus do Dodecaneso, que significa “doze ilhas”, em grego antigo, na extremidade leste do Mar Egeu, vão ficar fechados até o mês de maio.

“Tenho medo que abandonem expressamente a cultura, para poder privatizar o setor mais livremente, como já aconteceu na Polônia, onde 2.000 companhias privadas escavam seu subsolo” disse um integrante da associação de arqueólogos.

– Publicidade –

Para melhorar sua situação financeira, a Grécia decidiu autorizar a exploração publicitária de suas antiguidades, a começar pela Acrópole, uma iniciativa que era, até o momento, considerada sacrílega pelos arqueólogos.

Esta decisão se inscreve numa série de disposições visando a “facilitar” o acesso ao patrimônio do país, e a assegurar melhor sua promoção, afirma o ministério.

No momento em que o país, que entra no quinto ano consecutivo de recessão, tenta ativar a retomada econômica, a lentidão do governo, e particularmente os empecilhos dos arqueólogos, são muito criticados por empresários, que querem, por exemplo, que a obtenção de licenças para a construção, sejam mais rápidas.

“Se o governo tivesse mais funcionários, tudo iria mais rápido. Um projeto de construção, por exemplo, fica, às vezes, bloqueado durante seis meses até que os arqueólogos divulguem um estudo a respeito”, comenta Amalia Tsitouri, da associação de arqueólogos.

Em grandes cidades, como Atenas, se não tivessem feito pressão, os turistas não veriam mais nada, segundo ela, porque as construções seriam levantadas em todos os locais.

“A construção civil é uma histeria no país. Os locais mais belos foram preservados graças à lei arqueológica que permitiu proteger uma parte do patrimônio natural”.

Cuidado…tem nazista se fazendo de bonzinho!


Ler esse texto não foi exatamente uma surpresa, já que andam circulando por aí vídeos “super meigos” do Hitler com seus bichinhos de estimação…outros vídeos dizendo que ele era vegetariano e que se preocupava com o meio ambiente…como se isso fizesse alguma diferença no modo daquele ditador dos infernos lidar com seres humanos! Esse tipo de vídeo só mostra que até uma das pessoas mais crueis da História tinha respeito pelos animais…o que coloca as pessoas que os tratam cruelmente muito abaixo até da barbárie totalitária mais atroz!  

Extrema direita da Alemanha apela para ambientalismo para ganhar popularidade

Jornais Internacionais - Der Spiegel

Christian Pfaffinger

Os ambientalistas são geralmente associados à esquerda política. Mas agora neonazistas também descobriram os charmes da natureza. Além de vender hortaliças e legumes orgânicos e publicar uma revista sobre o meio ambiente, o partido ultradireitista alemão NPD (Partido Nacional Democrata da Alemanha) está fazendo uso de tópicos que integram a campanha dos verdes. Membros do partido usam isso como uma maneira duvidosa de fazer com que o NPD se torne mais socialmente aceitável.

Jens Lütke opõe-se à engenharia genética e à ampliação de rodovias. Ele também protesta contra a construção de novas usinas de geração de energia e trabalha como voluntário uma vez por ano durante um dia de ação ambiental. “Muitas vezes me perguntam se eu sou membro do Partido Verde”, diz ele. Mas Lütke não apoia o partido ambientalista, e sim o ultradireitista Partido Nacional Democrata da Alemanha (em alemão, Nationaldemokratische Partei Deutschlands, ou NPD). Ele é o principal candidato do partido ao parlamento estadual nas eleições no Estado de Schleswig-Holstein, no norte da Alemanha, que ocorrerá em maio próximo.

Quando Lütke coleta lixo como voluntário no dia de ação ambiental é difícil determinar a que partido ele pertence. “Nós não portamos faixas do NPD ao participarmos”, explica ele. Lütke não é o único do seu partido a atuar na defesa do meio ambiente. O partido usa frequentemente a questão ambiental como uma tentativa insidiosa de tornar-se mais palatável para a sociedade alemã. Muitas vezes é difícil reconhecer as ideologias extremistas de direita que estão por trás dessas iniciativas.

A tática é visível em uma revista de questões ambientais publicada por extremistas de direita, e cujo título é “Umwelt & Aktiv” (“Meio Ambiente e Ativo”). A publicação parece ser uma revista normal focada no meio ambiente – pelo menos à primeira vista. E, embora os artigos da publicação sobre biocombustíveis, engenharia genética, dicas para jardinagem e músicas infantis pareçam ser legítimos, uma análise mais atenta revela que ela traz também páginas dedicadas a mitos germânicos e ritos pagãos. Em uma matéria com o título “Segurança da Pátria” os leitores da edição de março do ano passado são avisados de que o povo alemão perecerá biológica e espiritualmente caso tiver filhos com indivíduos de outras origens étnicas.

Esta suposta revista ambiental também alimenta o ódio religioso, ao alegar que o abate de animais sem anestesia é um costume bárbaro de judeus e muçulmanos. “Dessa maneira, todos os imigrantes sentir-se-ão em casa”, diz a edição de janeiro de 2007, “e outros costumes baseados em religião, como a mutilação genital, o apedrejamento e a amputação das mãos poderão ser importados para o nosso país”.

Política oficial

Embora a editoria da revista se descreva como sendo “politicamente independente”, esse tipo de propaganda brutal de extrema direita surge frequentemente na publicação. E um exame mais detalhado dos nomes de indivíduos e instituições que produzem a “Umwelt & Aktiv” revela como essa alegação é duvidosa. O expediente da revista inclui a associação Midgard e.V., que, segundo o tribunal municipal da cidade de Landshut, no sul da Alemanha, possui vínculos com o NPD. Também faz parte do expediente o editor Christoph Hofer, que já ocupou dois cargos oficiais no NPD na Baviera. Além disso, há a secretária e editora chefe da revista Berthild Haese, cujo marido, Peter Haese, foi diretor do diretório do NPD na Baixa Baviera e que disputa regularmente eleições como candidato pelo partido, das quais a mais recente foi a eleição parlamentar federal de 2009.

A editoria da revista também é conhecida por comunicar-se internamente utilizando endereços eletrônicos do NPD, segundo documentos publicados pelo website antinazista Nazi-Leaks. Entre os colunistas da publicação estão apoiadores e membros do partido, e a revisa traz propagandas que são utilizadas para vender livros da editora do NPD, a Deutsche Stimme (“Voz Alemã”), com títulos como “Raça, Evolução e Comportamento”. Além disso, certas passagens da primeira edição, de 2007, são cópias quase que literais das próprias plataformas do NPD. Um trecho diz: “As paisagens ambientais alemãs são cenários culturais. Portanto, a proteção ambiental não pode ser abordada separadamente do desenvolvimento cultural”. Essa é a primeira linha do documento que traz a política ambiental do NPD.

Direitistas amantes da natureza

A Baviera, onde fica a redação da “Umwelt & Aktiv”, é o foco central da iniciativa ambiental da extrema direita, mas outros Estados também contam com “nazistas verdes”. O NPD é especialmente ativo quanto às questões ambientais no Estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental. Já em 2007, um fazendeiro e membro do NPD atraiu a atenção da imprensa com uma campanha contra a engenharia genética. E Udo Pastörs, um membro do parlamento estadual e vice-líder do partido nacional, é conhecido pelas suas iniciativas conservacionistas.

Mesmo fora do partido existem ambientalistas extremistas de direita no Estado do norte, perto de Güstrow e Teterow. Desde a década de noventa, agricultores seguem a tradição da Liga Artaman, um movimento agrário surgido na década de vinte que professa uma ideologia do tipo “sangue e solo” e que possuía fortes vínculos com o partido nazista. Esses indivíduos têm se espalhado por outras áreas, segundo um especialista da organização do Estado que faz críticas ao NPD, o Arbeitsgemeinschaft Völkische Siedler (“Grupo de Trabalho para Colonos Raciais”). A maioria deles exerce um papel ativo na vida das comunidades, envolvendo-se com escolas e instalações para cuidados infantis, segundo o especialista, que pediu que o seu nome não fosse divulgado neste artigo. E muitos deles produzem e vendem produtos orgânicos.

Um tópico de campanha

Há muito tempo o NPD adotou questões ambientais na sua tentativa de obter apoio eleitoral. O partido já recorria a essa tática no seu “Programa de Düsseldorf”, de 1973, que descrevia a proteção ambiental como sendo um fator de contribuição para a saúde pública. Mas foi apenas com a profissionalização do partido nos últimos anos que essa questão foi lançada na linha de frente.

Na sua atual plataforma partidária, o NPD rejeita tanto a engenharia genética quanto a pecuária em escala industrial, além de defender maiores gastos governamentais com fontes de energia alternativa e autossuficiência nacional em produtos agrícolas. O NPD também afirma que os agricultores precisam de mais apoio.

No Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, o NPD também imprimiu pôsteres com a inscrição “Umweltschutz = Heimatschutz” (“Proteção Ambiental = Proteção da Pátria”). E Jens Lütke também pretende utilizar os temas ambientais como um dos seus principais tópicos de campanha como candidato do NPD ao parlamento estadual de Schleswig-Holstein, ainda que a sua principal crítica seja ao euro. “Nós não queremos deixar os tópicos verdes a cargo do Partido Verde”, explica ele.

A “Umwelt & Aktiv” resume a sua abordagem na última página da sua primeira edição, publicada no início de 2007. “A proteção ambiental não é verde”, diz o artigo.

Tradutor: Do UOL

Censuraram minha prima!!!! >:


Pombas, há um mês minha prima concedeu uma entrevista à Record a respeito da polêmica sobre o dicionário

http://videos.r7.com/r7/service/video/playervideo.html?idMedia=4f4e22cab51a866fcdc639b2&idCategory=59

(se o link acima não funcionar, assista o vídeo diretamente na página original), e aí….puf! Botaram dois segundos da fala dela e, convenientemente, cortaram! Affff, mais um episódio que comprova a imparcialidade do jornalismo brasileiro (tudo bem que essa é uma praga que afeta o jornalismo mundial – aliás, todas as profissões!)

MPF quer tirar Dicionário Houaiss de circulação

Segundo o órgão, publicação teria referências preconceituosas contra ciganos

O MPF (Ministério Público Federal) em Uberlândia (MG) ajuizou ação civil pública contra a Editora Objetiva e o Instituto Antônio Houaiss para a imediata retirada de circulação, suspensão de tiragem, venda e distribuição das edições do Dicionário Houaiss.

Segundo órgão, os significados atribuídos pelo Dicionário Houaiss à palavra “cigano” são preconceituosos, o que, inclusive, pode vir a caracterizar crime de acordo com a Constituição Federal.

De acordo com o procurador Cléber Eustáquio Neves, que ajuizou a ação, o dicionário usa de termos pejorativos para definir a palavra.

– A nomenclatura cigano [no Houaiss] significa aquele que trapaceia, velhaco, entre outras coisas do gênero, ainda que se deixe expresso que é uma linguagem pejorativa, ou, ainda, que se trata de acepções carregadas de preconceito ou xenofobia, fica claro o caráter discriminatório assumido pela publicação.

A ação originou-se de investigação iniciada em 2009, quando o MPF em Uberlândia recebeu representação de um cidadão de origem cigana questionando a prática de discriminação e preconceito pelos dicionários de língua portuguesa contra sua etnia.

Para esclarecer os fatos, o procurador enviou ofícios a diversas editoras com pedidos de informações.

Recebidas as respostas, ele expediu uma recomendação às editoras para que fosse suprimida das próximas edições qualquer expressão pejorativa ou preconceituosa nos significados atribuídos à palavra cigano.

As Editoras Globo e Melhoramentos atenderam o pedido. Já a Editora Objetiva, recusou-se a cumpri-la, sob o argumento de que seu dicionário é editado pelo Instituto Houaiss, sendo apenas detentora exclusiva dos direitos de edição.

Diante dos fatos, o procurador afirma que “não teve outra saída a não ser ingressar em juízo para garantir o respeito às leis e à própria Constituição”.

O MPF revela que, desde 2009, empreendeu vários esforços, com a expedição de inúmeros ofícios e recomendações à Editora Objetiva, para que a publicação excluísse as expressões pejorativas e preconceituosas, mas os réus ignoraram todos os pedidos.

Na ação, além da retirada do Dicionário Houaiss de toda e qualquer expressão de cunho preconceituoso ou pejorativo contra os ciganos, o MPF também pediu a condenação dos réus ao pagamento de indenização por dano moral coletivo no valor de R$ 200 mil.

Outro lado

A Editora Objetiva afirmou ao R7, na tarde desta segunda-feira (27), que ainda não havia sido notificada pelo MPF e que aguarda o comunicado oficial para tomar uma decisão com relação à publicação.

Civilizar pela música: a inquisição da elite intelectual


[OPS, quem diria, você também é preconceituoso!!! A questão, obviamente, é mais complexa que isso, e não devemos defender a indústria cultural com unhas e dentes, nem de longe…

Any attempt to free films of their ‘bad taste’ will only weaken them: because ‘the bad taste of the masses is more deeply rooted in reality than the good taste of the intellectuals’ (165). Public taste will be improved, not through better films but only through a change in social relations.

According to Bertold Brecht, intellectuals are fighting in the dark as long as they are restricted to criticizing symptoms in a purely conceptual world. This is not only ignorance but arrogance:

The struggle of progressive intellectuals against the influence of com­mercial interests is based on the proposition that the masses don’t know their own interests as well as the intellectuals do. But the masses have interests which are political rather than aesthetic; at no time was Schiller’s proposal that political education should be made a matter of aesthetics so obviously pointless as today (165).]

“Essa gente precisa é de Chico Buarque.”

Sinceramente acho que todo mundo precisa escutar o homem. Mas a frase, vinda da boca de um culto amigo, irritado com um carro que jorrava tecnobrega no último, gerou aquele arrepio na espinha.

(…)

Sua crítica não se relacionava ao tratoramento da arte pela estrutura capitalista de reprodução e distribuição de cultura, que a transforma em mercadoria a ser consumida passivamente. Pois, ele próprio é um desses consumidores, que bebe empacotados dito eruditos, vilamadalenizados, mas que tenta “curar” o outro.

(…)

Poderíamos discutir horas a fio sobre os mecanismos da indústria cultural que levam a um produto de massa se sobrepor e esmagar manifestações tradicionais e as consequências disso. Contudo, a preservação do patrimônio cultural tradicional não se resolve forçando o povão a consumir um baião tradicional a um tecnobrega, um grupo de cateretê a uma dupla sertaneja, um samba de raiz a um funk proibidão.

Na opinião destes, há uma autoproclamada “cultura de qualidade”. A clivagem entre o popular e o erudito (e a ignorância de fundir o erudito com o bom) é apenas parte dessa discussão. Esse tipo de pensamento, com a reafirmação de símbolos para separar “nós” da plebe, expressa mais preconceito de classe do que qualquer outra coisa. E, em um ímpeto quase jesuítico, a necessidade de catequisar vem à tona, para trazê-lo à nossa fé. Não que eles poderão entender tudo, mas poderão, pelo menos, deixar o estado de barbárie em que se encontram ao respirar o mesmo ar que nós.

(…)

Ampliar o leque, dando mais possibilidades de escolha para a sociedade é uma coisa. Guiar o consumo cultural para preservar uma imagem que uma elite intelectual dos grandes centros tem de como deveria ser a cultura brasileira é outra.

Civilizar pela música: a inquisição da elite intelectual – Cotidiano – Notícias.

Tratadas como disputas de 2ª classe, eleições municipais trazem o “menosprezado” desafio de escolher um vereador


O calendário de 2012 oferece ao brasileiro uma nova oportunidade para refletir sobre as questões que lhe são mais próximas e aflitivas –das opções de transporte coletivo aos engarrafamentos, dos buracos no asfalto à falta de ciclovias, da coleta do lixo doméstico à limpeza das vias públicas, do horário de funcionamento dos parques à conservação dos monumentos.

Considerando-se a última contagem da Justiça Eleitoral, fechada em janeiro, vão às urnas no dia 7 de outubro 136.589.962 eleitores. Escolherão os prefeitos e respectivos vices de 5.564 municípios. Terão de selecionar também os ocupantes de quase 60 mil assentos nas câmaras municipais.

Pela lei, os candidatos só serão escolhidos entre os dias 10 e 30 de junho, período em que os partidos realizarão as suas convenções. Mas eles já estão po aí. Concedem entrevistas, promovem encontros nos bairros, distribuem abraços de ocasião, beijam crianças e simulam interesse pelos dramas individuais.

Num país em que o noticiário é monopolizado pelos grandes temas federais, os assuntos das cidades tendem a ser tratados como questões de segunda classe. Com as eleições municipais, ganham ao menos a perspectiva de disputar as manchetes com a crise financeira internacional, a reforma em conta-gotas do ministério e as brigas que eletrificam a coalizão de Dilma Rousseff.

Febre federal

Nas cidades maiores, onde a vida urbana pulsa com mais vigor, não será fácil debelar a febre federal que contamina o debate municipal, relegando-o a segundo plano e, por vezes, asfixiando-o. Em São Paulo, por exemplo, a maior, mais rica e mais problemática capital do país, insinua-se uma espécie de terceiro turno de 2010.

De um lado, o ex-presidenciável José Serra, na bica de ser oficializado como candidato tucano à prefeitura. Na outra ponta, o ex-presidente Lula, patrono da candidatura petista de Fernando Haddad, convertido pelas evidências numa versão municipal de Dilma. Como pano de fundo, a velha polarização PT versus PSDB.

A julgar pelos primeiros embates verbais travados entre Serra e Haddad, se depender dos dois só marginalmente se falará na campanha dos problemas da cidade. A dupla esforça-se para “nacionalizar” a disputa. Algo que faz ressurgir um fenômeno ruinoso, que é tratar a eleição municipal como mero degrau para os embates subsequentes, estaduais e presidenciais.

Embora seja mais evidente na capital paulista, o desapreço pela temática do município vai se manifestar noutras praças. Já vicejam as especulações sobre os planos expansionistas de Eduardo Campos, governador de Pernambuco, presidente do PSB federal e cultor de um ainda incipiente projeto presidencial.

FIQUE DE OLHO: DISPUTA NÃO DEVE SERVIR DE DEGRAU PARA 2014

Como que liberado pelo momentâneo aprisionamento de Serra em São Paulo, também o senador mineiro Aécio Neves, opção do tucanato para 2014, prepara-se para desfilar suas pretenções nacionais nos palanques municipais. Até o PMDB, que não dispõe de uma alternativa a Dilma, trata a disputa nos municípios como uma guerra particular contra o PT.

A pretexto de combater o plano do petismo de tornar-se força política hegemônica em Brasília, o PMDB do vice-presidente Michel Temer, o mais municipalista de todos os partidos brasileiros, embrenha-se num embate que subverte os interesses locais. Inaugura a temporada municipal com uma briga por cargos, verbas e privilégios federais.

Vale uma estátua em praça pública

As tentativas de federalizar o que deveria ser concentrado no município não é o único obstáculo a ser transposto pelo eleitor. Há outro desafio. Pode ser resumido numa pergunta: quantos portadores de título eleitoral já têm candidato a vereador? Quem disser que tem merece uma estátua em praça pública.

O mais provável é que o grosso do eleitorado ainda não tenha candidato à câmara de vereadores. Pior: a maioria nem sabe quem são os candidatos. Mais grave: são poucos, muito poucos, pouquíssimos os que estão preocupados com isso.

Por quê? A exemplo do que ocorre nas disputas nacionais –em que as eleições para presidente e governador coincidem com as legislativas— também na seara municipal a percepção popular tende a considerar a prefeitura como a instância mais relevante.

FIQUE DE OLHO: CUIDADO COM O CANDIDATO “RASGADOR DE AVENIDA”

Levando-se em conta a predominância do Poder Executivo no sistema político brasileiro, a leitura não é despropositada. Mas a dificuldade do eleitor de dar igual atenção às disputas para prefeito e vereador transforma as câmaras municipais em escândalos esperando para acontecer.

A quantidade de candidatos e o modelo eleitoral potencializam os riscos. Em 2008, os vereadores brasileiros eram contados em 51.748. Uma emenda aprovada no Congresso em 2009 autorizou 2.153 câmaras municipais do país a elevar o número de cadeiras. A quantidade varia conforme o tamanho do eleitorado.

Embora o acréscimo de assentos seja facultativo, sabe-se que mais de 1.700 câmaras já decidiram engordar seus quadros. Estima-se a quantidade de novas vagas em algo ao redor 8.000. Quer dizer: a legião de vereadores, que já era grande, vai roçar a casa dos 60 mil em todo país.

O espaço dedicado a essa gente na propaganda de rádio e TV é diminuto. O suficiente apenas para que o candidato pronuncie o nome e um número. Com sorte, sobra tempo para implorar ao expectador que não o esqueça. Tamanha ligeireza termina por converter a eleição de vereador num jogo de cabra-cega.

A escuridão tonifica o risco de chegar às câmaras o rebotalho. Junto com ele, todos os vícios que levam a sociedade a se desinteressar da política. O descaso faz proliferar a deformidade moral, num moto-contínuo que conspurca a democracia e gera um paradoxo.

Eis a contradição embutida no modelo: no âmbito municipal, aquele que é respirado mais de perto pelo cidadão, é onde sua participação na escolha dos pseudo-representantes da vontade coletiva é menos atraente e mais limitada.

Simultaneamente, proliferam os investimentos em condomínios fechados e shopping centers, espaços urbanos em que as cidades –ou os pedaços mais abastados das cidades– tentam proteger-se de si mesmas.

As dúvidas mais comuns dos eleitores

Quando serão as eleições?

O primeiro turno ocorre no dia 7 de outubro, enquanto o segundo será em 28 de outubro.

Que cargos estão em jogo?

Serão eleitos prefeitos e vereadores nos 5.566 municípios brasileiros.

Quem é obrigado a votar?

O voto é obrigatório para os maiores de 18 anos e facultativo para os analfabetos, os maiores de 70 anos e os que tenham entre 16 e 18 anos.

Quem faz 16 anos no dia ou na véspera da eleição pode votar?

Sim. O jovem que fizer 16 anos no dia 7 de outubro poderá tirar seu título normalmente até o dia 9 de maio, mas o documento terá validade somente a partir da data em que completar a idade mínima.

O jovem que não votar precisa justificar?

Se ele tiver entre 16 e 18 anos, não precisa.

Cidadãos naturalizados brasileiros que ainda não têm título são obrigados a votar?

Sim. O brasileiro naturalizado que não tiver se alistado até um ano depois de adquirida a nacionalidade pagará multa imposta pelo juiz eleitoral e cobrada no ato da inscrição.

Quem não votou no primeiro turno pode votar no segundo?

Sim, os dois turnos são considerados eleições diferentes.

Moro e trabalho em uma cidade, mas vou viajar a outra para votar. Posso ter dispensa no dia seguinte à eleição?

Não, a lei não prevê essa dispensa.

O que eu faço se não puder comparecer à votação?

Se você estiver fora de sua cidade, justifique sua ausência, no dia da eleição, em qualquer local de votação ou posto de justificativa, entre 8h e 17h. Nos outros dias, é possível obter o formulário de requerimento de justificativa eleitoral gratuitamente, em qualquer cartório eleitoral, postos de atendimento ao eleitor, ou nas páginas do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de cada Estado. No dia da eleição, com o título de eleitor e um documento de identificação em mãos, o eleitor deve entregar o formulário preenchido em qualquer local de votação ou posto de justificativa. Se não for possível fazer a justificativa no dia do pleito, é preciso procurar o seu cartório eleitoral para fazer a justificativa até 60 dias depois das eleições, munido dos documentos que comprovem o motivo da ausência. É importante lembrar que primeiro e segundo turnos são eleições independentes, portanto é necessária uma justificativa para cada votação.

PROPAGANDA ELEITORAL
Em qual período haverá propaganda no rádio e na TV?

A propaganda eleitoral gratuita em rádio e TV vai de 21 de agosto a 4 de outubro (primeiro turno) e de 13 a 26 de outubro (segundo turno).

Posso fazer propaganda do meu candidato no Twitter, Facebook, Orkut, blog ou outros sites?

Sim, mas somente a partir de 6 de julho, quando começa oficialmente o período de campanha eleitoral. A Justiça Eleitoral analisa a possibilidade de antecipar este prazo.

Estou recebendo e-mails difamando um candidato, e desconfio que eles sejam ilegais. O que faço?

Procure o Ministério Público Eleitoral, que é o órgão competente para fazer denúncias sobre propaganda irregular. O telefone é (61) 3105-5672 ou clique aqui. Alguns TREs também têm serviços de disque-denúncia.

TÍTULO DE ELEITOR
Preciso tirar meu primeiro título de eleitor. Como faço?

Seu título deve ser emitido na cidade em que você mora, na Central de Atendimento ao Eleitor ou no cartório eleitoral da sua cidade. Caso não haja um cartório eleitoral em seu município, informe-se qual município responsável pelas eleições em sua cidade e compareça ao cartório eleitoral de lá. Para fazer o título é necessário um documento oficial e original que contenha nome completo, data de nascimento, filiação e cidade de nascimento (Identidade, Certidão de Nascimento ou Casamento, Reservista e Carteira de Trabalho). Não serão aceitos a carteira de habilitação e o passaporte; comprovante de residência recente, em seu próprio nome, ou de seus pais, ou cônjuge. Não são aceitas correspondências particulares; quitação do serviço militar (para os homens).

Onde eu posso consultar a situação do meu título eleitoral?

Você pode confirmar esta informação por meio do site do TSE. Para isso, não é necessário o número do titulo: bastam o nome do eleitor, o nome da mãe e a data de nascimento.

Até quando posso transferir meu título? Como devo fazer?

O prazo final é 9 de maio. Para realizar a transferência, é necessário ir ao cartório eleitoral munido do título de eleitor, de um documento de identidade, do último comprovante de votação ou justificativa e de um comprovante de residência.

LOCAL DE VOTAÇÃO
Onde eu posso confirmar meu local de votação?

Você pode confirmar esta informação por meio do site do TSE. Para isso, não é necessário o número do titulo: bastam o nome do eleitor, o nome da mãe e a data de nascimento.

Posso votar fora da minha cidade ou do meu Estado?

Não. Somente para Presidente da República é possível o voto em trânsito.

Se eu sou eleitor de uma cidade onde há segundo turno, mas viajei para um local onde não há segundo turno, como eu justifico minha ausência?

Nesse caso, a cidade terá um posto de justificativa eleitoral. Cada TRE informa onde estarão localizados esses postos.

Meu título de eleitor é de uma cidade, mas me mudei para outra. Posso votar na cidade onde moro atualmente?

Se você não transferiu seu título de eleitor, não poderá votar.

Moro no exterior. Posso votar?

Voto de brasileiros que estão no exterior só são permitidos para o cargo de presidente.

MESÁRIOS
A nomeação para mesário é para um ou dois turnos?

Todo convocado para trabalhar na eleição deverá comparecer nos dois turnos, se houver segundo turno.

O eleitor pode se oferecer para ser mesário?

Sim. A Justiça Eleitoral incentiva a participação por vontade própria, com o programa Mesário Voluntário. As informações podem ser obtidas junto aos TREs.

O eleitor é remunerado pelo trabalho como mesário?

Não, mas ele tem direito à dispensa do serviço pelo dobro dos dias trabalhados na eleição.

Todo eleitor pode ser mesário?

Não, somente os maiores de 18 anos regularizados perante a Justiça Eleitoral.

Quando ocorrem as nomeações dos mesários?

As nomeações dos mesários ocorrem em até 60 dias antes das eleições e é feita pela Justiça Eleitoral.

É possível pedir dispensa do trabalho de mesário? Caso seja possível, como é feito o pedido?

O pedido de dispensa é feito por meio de requerimento direcionado ao juiz eleitoral. O requerente deverá apresentar os motivos em até cinco dias a contar da nomeação, a menos que os motivos ocorram depois desse prazo.

O que acontece se eu não atender à convocação para ser mesário?

Está prevista multa de até um salário mínimo. Em caso de servidor público, ocorrerá suspensão de até 15 dias. As penas serão aplicadas em dobro se a mesa deixar de funcionar por culpa dos faltosos.

Por quantas eleições trabalharei como mesário?

Tudo dependerá do seu cartório eleitoral. Não há uma regra estabelecida, mas as nomeações valem apenas para uma eleição, ou seja, se você foi nomeado agora não está convocado automaticamente para a próxima.

DIA DA VOTAÇÃO
Qual é o horário de votação? Como ficam os fusos diferentes do horário de Brasília?

A votação é das 8h às 17h, pelo horário local.

Quais documentos devo levar para poder votar?

É obrigatória a apresentação de um documento oficial de identificação com fotografia. São válidos certificado de reservista (no caso dos homens), carteira de trabalho, carteira nacional de habilitação com foto e identidades funcionais. Certidões de casamento ou de nascimento não são aceitas.

Em que horário vai vigorar a Lei Seca?

Por ser uma questão de Segurança Pública, a aplicação da Lei Seca fica a critério das Secretarias de Segurança Pública em cada Estado ou município.

Quem tem preferência para votar?

Têm preferência os candidatos, os juízes, seus auxiliares e servidores da Justiça Eleitoral, os promotores eleitorais e os policiais militares em serviço e, ainda, os eleitores maiores de 60 anos, os enfermos, os portadores de necessidades especiais e as mulheres grávidas ou que estejam amamentando.

Como um eleitor cego poderá votar?

Para votar, os deficientes visuais poderão usar qualquer instrumento mecânico que eles mesmos portarem ou que seja fornecido pela mesa. Eles também podem recorrer ao sistema de áudio, quando disponível na urna, sem prejuízo do sigilo do voto, ou à marca de identificação da tecla 5. Os deficientes visuais poderão ainda utilizar tanto o alfabeto comum quanto o sistema Braile para assinar o caderno de votação ou assinalar as cédulas, se for o caso.

Como votam os eleitores com necessidades especiais?

Os eleitores portadores de necessidades especiais poderão votar em seções com instalações adequadas se comunicarem a Justiça Eleitoral sobre suas restrições e necessidades até 7 de setembro. O eleitor portador de necessidades especiais poderá ser auxiliado por pessoa de sua confiança, ainda que não o tenha requerido antecipadamente ao Juiz Eleitoral. Essa pessoa poderá inclusive digitar os números na urna, desde que autorizada pelo presidente de mesa.

Se a urna apresentar defeito, o que acontece?

O presidente de mesa providenciará a reparação do problema. Se o problema persistir, a votação será feita com cédulas de papel, até o final.

Posso usar uma “cola” para votar?

Sim. A própria Justiça Eleitoral distribui e incentiva o uso de colas.

Posso entrar na cabine com telefone celular, rádio ou iPod?

É proibido entrar na cabine de votação com telefone celular, máquinas fotográficas, câmeras de vídeo, equipamento de radiocomunicação ou qualquer instrumento que possa comprometer o sigilo do voto. Esses aparelhos devem ficar retidos na mesa enquanto o eleitor estiver votando. Embora a lei não trate especificamente de mp3 players, a Justiça Eleitoral recomenda que este tipo de aparelho não seja usado na cabine.

Posso votar usando bandeiras e bottons do meu candidato?

Sim. As manifestações estão liberadas, desde que sejam feitas em silêncio.

Posso distribuir “santinhos” na hora de votar?

Não. A distribuição de material só pode ocorrer até as 22h do dia anterior à eleição.

Como mesário, posso fazer propaganda do meu candidato por meio de camiseta ou qualquer outro meio?

Não, isso é proibido.

NÃO VOTEI, E AGORA?
O que acontece se eu não votar e não justificar a minha ausência?

Você terá de pagar multa em torno de R$ 3. Se não pagar a multa, fica impedido de inscrever-se em concurso público, participar de concorrências, obter empréstimos em instituições financeiras do governo, receber remuneração de função ou emprego público, obter passaporte ou carteira de identidade, renovar matrícula em estabelecimento público de ensino ou praticar qualquer ato para o qual se exija quitação do serviço militar ou Imposto de Renda. Quem não votar e não justificar a ausência em três eleições consecutivas (lembrando que cada turno é uma eleição), terá o título cancelado.

DEPOIS DA ELEIÇÃO
Eu votei, mas perdi os comprovantes. Como faço para comprovar meu voto?

Solicite a qualquer cartório eleitoral uma certidão de quitação eleitoral. A certidão também pode ser emitida por meio do site do TSE.

Datas e prazos que eleitores e candidatos devem seguir nas Eleições 2012

Data Evento

10.ABR

– Último dia para o órgão de direção nacional do partido político publicar no DOU (Diário Oficial da União) as normas para a escolha e substituição de candidatos e para a formação de coligações, na hipótese de omissão do estatuto.- Data a partir da qual, até a posse dos eleitos, é vedado aos agentes públicos fazer, na circunscrição do pleito, revisão geral da remuneração dos servidores públicos que exceda a recomposição da perda salarial ao longo do ano da eleição.

9.MAI

– Último dia para o eleitor requerer inscrição eleitoral ou transferência de domicílio.- Último dia para o eleitor que mudou de residência dentro do município pedir alteração no seu título eleitoral.- Último dia para o eleitor com deficiência ou mobilidade reduzida solicitar sua transferência para Seção Eleitoral Especial.

26.MAI

– Data a partir da qual é permitido ao postulante à candidatura a cargo eletivo realizar propaganda intrapartidária com vista à indicação de seu nome, vedado o uso de rádio, televisão e outdoor, observado o prazo de 15 dias que antecede a data definida pelo partido para a escolha dos candidatos.

5.JUN

– Último dia para a Justiça Eleitoral enviar aos partidos políticos a relação de todos os devedores de multa eleitoral, a qual embasará a expedição das certidões de quitação eleitoral.

6.JUN

– Data a partir da qual, se não fixado por lei, caberá a cada partido político fixar o limite de gastos de campanha para os cargos em disputa e comunicá-lo, no pedido de registro de seus candidatos, à Justiça Eleitoral, que dará a essas informações ampla publicidade.

10.JUN

– Data a partir da qual é permitida a realização de convenções destinadas a deliberar sobre coligações e escolher candidatos a prefeito, a vice-prefeito e a vereador.- Data a partir da qual é vedado às emissoras de rádio e de televisão transmitir programa apresentado ou comentado por candidato escolhido em convenção.- Data a partir da qual os feitos eleitorais terão prioridade para a participação do Ministério Público e dos juízes de todas as justiças e instâncias, ressalvados os processos de habeas corpus e mandado de segurança.- Último dia para fixação, por lei, dos limites de gastos de campanha para os cargos em disputa.- Data a partir da qual é assegurado o exercício do direito de resposta ao candidato, ao partido político ou à coligação atingidos, ainda que de forma indireta, por conceito, imagem ou afirmação caluniosa, difamatória, injuriosa ou sabidamente inverídica, difundidas por qualquer veículo de comunicação.- Data a partir da qual é permitida a formalização de contratos que gerem despesas e gastos com a instalação física de comitês financeiros de candidatos e de partidos políticos, desde que só haja o efetivo desembolso financeiro após a obtenção do número de registro de CNPJ do candidato ou do comitê financeiro e a abertura de conta bancária específica para a movimentação financeira de campanha e emissão de recibos eleitorais.

– Data a partir da qual, observada a realização da convenção partidária, até a apuração final da eleição, não poderão servir como juízes eleitorais nos tribunais regionais, ou como juiz eleitoral, o cônjuge ou companheiro, parente consanguíneo ou afim, até o segundo grau, de candidato a cargo eletivo registrado na circunscrição.

30.JUN

– Último dia para a realização de convenções destinadas a deliberar sobre coligações e escolher candidatos a prefeito, a vice-prefeito e a vereador.

1º.JUL

– Data a partir da qual é vedado às emissoras de rádio e de televisão, em programação normal e em noticiário de transmitir, ainda que sob a forma de entrevista jornalística, imagens de realização de pesquisa ou de qualquer outro tipo de consulta popular de natureza eleitoral em que seja possível identificar o entrevistado ou em que haja manipulação de dados; veicular propaganda política; dar tratamento privilegiado a candidato, partido político ou coligação; veicular ou divulgar filmes, novelas, minisséries ou qualquer outro programa com alusão ou crítica a candidato ou partido político, mesmo que dissimuladamente, exceto programas jornalísticos ou debates políticos; divulgar nome de programa que se refira a candidato escolhido em convenção, ainda quando preexistente, inclusive se coincidente com o nome de candidato ou com a variação nominal por ele adotada.

5.JUL

– Último dia para os partidos políticos e coligações apresentarem no cartório eleitoral competente, até as 19h, requerimento de registro de candidatos a prefeito, vice e vereadores.– Data a partir da qual permanecerão abertos aos sábados, domingos e feriados os cartórios eleitorais e as secretarias dos tribunais eleitorais, em regime de plantão.- Último dia para os tribunais e conselhos de contas tornarem disponível à Justiça Eleitoral relação daqueles que tiveram suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável e por decisão irrecorrível do órgão competente, ressalvados os casos em que a questão estiver sendo submetida à apreciação do Poder Judiciário, ou que haja sentença judicial favorável ao interessado.- Data a partir da qual o nome de todos aqueles que tenham solicitado registro de candidatura deverá constar das pesquisas realizadas mediante apresentação da relação de candidatos ao entrevistado.

6.JUL

– Data a partir da qual será permitida a propaganda eleitoral.– Data a partir da qual os candidatos, os partidos ou as coligações podem fazer funcionar, das 8h às 22h, alto-falantes ou amplificadores de som, nas suas sedes ou em veículos.- Data a partir da qual os candidatos, os partidos políticos e as coligações poderão realizar comícios e utilizar aparelhagem de sonorização fixa, das 8h às 24h.- Data a partir da qual será permitida a propaganda eleitoral na internet, vedada a veiculação de qualquer tipo de propaganda paga.

7.JUL

– Data a partir da qual são vedadas aos agentes públicos: nomear, contratar ou de qualquer forma admitir, demitir sem justa causa, suprimir ou readaptar vantagens ou por outros meios dificultar ou impedir o exercício funcional e ainda remover, transferir ou exonerar servidor público, na circunscrição do pleito, até a posse dos eleitos, sob pena de nulidade de pleno direito ressalvados os casos de: nomeação ou exoneração de cargos em comissão e designação ou dispensa de funções de confiança; nomeação para cargos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos tribunais ou conselhos de contas e dos órgãos da Presidência da República; nomeação dos aprovados em concursos públicos homologados até 7 de julho de 2012; nomeação ou contratação necessária à instalação ou ao funcionamento inadiável de serviços públicos essenciais, com prévia e expressa autorização do chefe do Poder Executivo; transferência ou remoção de militares, de policiais civis e de agentes penitenciários.- É vedado realizar transferência voluntária de recursos da União aos Estados e municípios, e dos Estados aos municípios, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvados os recursos destinados a cumprir obrigação formal preexistente para execução de obra ou de serviço em andamento e com cronograma prefixado, e os destinados a atender situações de emergência e de calamidade pública.- Data a partir da qual é vedado aos agentes públicos das esferas administrativas cujos cargos estejam em disputa na eleição: fazer pronunciamento em cadeia de rádio e de televisão, fora do horário eleitoral gratuito, salvo quando, a critério da Justiça Eleitoral, tratar-se de matéria urgente, relevante e característica das funções de governo.- Data a partir da qual é vedada, na realização de inaugurações, a contratação de shows artísticos pagos com recursos públicos.– Data a partir da qual é vedado a qualquer candidato comparecer a inaugurações de obras públicas.

8.JUL

– Último dia para a Justiça Eleitoral publicar lista dos pedidos de registro de candidatos apresentados pelos partidos políticos ou coligação.- Data a partir da qual o juiz eleitoral designado pelo TRE deve convocar os partidos políticos e a representação das emissoras de televisão e de rádio para a elaboração de plano de mídia para uso da parcela do horário eleitoral gratuito a que tenham direito.- Último dia para a Justiça Eleitoral encaminhar à Receita Federal os dados dos candidatos cujos pedidos de registro tenham sido requeridos por partido político ou coligação para efeito de emissão do número de inscrição no CNPJ.

9.JUL

– Último dia para o eleitor com deficiência ou mobilidade reduzida que tenha solicitado transferência para Seção Eleitoral Especial comunicar ao juiz eleitoral, por escrito, suas restrições e necessidades, a fim de que a Justiça Eleitoral, se possível, providencie os meios e recursos destinados a facilitar-lhe o exercício do voto.

10.JUL

– Último dia para os candidatos, escolhidos em convenção, requererem seus registros perante o juízo eleitoral competente, até as 19h, caso os partidos políticos ou as coligações não os tenham requerido.- Último dia para qualquer candidato, partido político, coligação ou o Ministério Público Eleitoral impugnar os pedidos de registro de candidatos apresentados pelos partidos políticos ou coligação.- Último dia para qualquer cidadão no gozo de seus direitos políticos dar ao juízo eleitoral notícia de inelegibilidade que recaia em candidato com pedido de registro apresentado pelo partido político ou coligação.

18.JUL

– Último dia para os partidos políticos registrarem os comitês financeiros, perante o juízo eleitoral encarregado do registro dos candidatos, observado o prazo de cinco dias após a respectiva constituição.- Último dia para qualquer candidato, partido político, coligação ou o Ministério Público Eleitoral impugnar os pedidos de registro individual de candidatos, cujos partidos políticos ou coligações não os tenham requerido.- Último dia para qualquer cidadão no gozo de seus direitos políticos dar ao juízo eleitoral notícia de inelegibilidade que recaia em candidato que tenha formulado pedido de registro individual, na hipótese de os partidos políticos ou coligações não o terem requerido.

29.JUL

– Último dia para que os títulos dos eleitores que requereram inscrição ou transferência estejam prontos para entrega.

1º AGO

– Último dia para os partidos políticos impugnarem, em petição fundamentada, os nomes das pessoas indicadas para compor as juntas eleitorais, observado o prazo de três dias contados da publicação do edital.

4.AGO

– Último dia para o partido político ou coligação comunicar à Justiça Eleitoral as anulações de deliberações decorrentes de convenção partidária.

5.AGO

– Data em que todos os pedidos originários de registro, inclusive os impugnados, deverão estar julgados e publicadas as respectivas decisões perante o juízo eleitoral.

6.AGO

– Data em que os partidos políticos, as coligações e os candidatos são obrigados a divulgar, pela internet, relatório discriminado dos recursos em dinheiro ou estimáveis em dinheiro que tenham recebido para financiamento da campanha eleitoral e os gastos que realizarem, em site criado pela Justiça Eleitoral para esse fim.

8.AGO

– Data a partir da qual é assegurada prioridade postal aos partidos políticos para a remessa da propaganda de seus candidatos registrados.- Último dia para os órgãos de direção dos partidos políticos preencherem as vagas remanescentes para as eleições proporcionais, observados os percentuais mínimo e máximo para candidaturas de cada sexo, no caso de as convenções para a escolha de candidatos não terem indicado o número máximo previsto.- Último dia para o pedido de registro de candidatura às eleições proporcionais, na hipótese de substituição, observado o prazo de até dez dias, contados do fato ou da decisão judicial que deu origem à substituição.- Último dia para o eleitor que estiver fora do seu domicílio eleitoral requerer a segunda via do título eleitoral em qualquer cartório eleitoral, esclarecendo se vai recebê-la na sua zona eleitoral ou naquela em que a requereu.

12.AGO

– Último dia para o juiz eleitoral realizar sorteio para a escolha da ordem de veiculação da propaganda de cada partido político ou coligação no primeiro dia do horário eleitoral gratuito.

21.AGO

– Início do período da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão.– Último dia para os tribunais regionais eleitorais tornarem disponíveis ao TSE as informações sobre os candidatos às eleições majoritárias e proporcionais registrados, das quais constarão, obrigatoriamente, a referência ao sexo e ao cargo a que concorrem, para fins de centralização e divulgação de dados.- Data em que todos os recursos sobre pedido de registro de candidatos deverão estar julgados pela Justiça Eleitoral e publicadas as respectivas decisões.

2.SET

– Último dia para verificação das fotos e dados que constarão da urna eletrônica por parte dos candidatos, partidos políticos ou coligações.

4.SET

– Último dia para os candidatos, partidos políticos ou coligações substituírem a foto e/ou dados que serão utilizados na urna eletrônica.

6.SET

– Data em que os partidos políticos e os candidatos são obrigados a divulgar, pela internet, relatório discriminando os recursos em dinheiro ou estimáveis em dinheiro que tenham recebido para financiamento da campanha eleitoral e os gastos que realizarem, em site criado pela Justiça Eleitoral para esse fim.

7.SET

– Último dia para entrega dos títulos eleitorais resultantes dos pedidos de inscrição ou de transferência.– Último dia para os tribunais regionais eleitorais designarem, em sessão pública, a comissão de auditoria para verificação do funcionamento das urnas eletrônicas, por meio de votação paralela.- Último dia de publicação, pelo juiz eleitoral, para uso na votação e apuração, de lista organizada com o nome dos candidatos.

17.SET

– Último dia para os tribunais regionais eleitorais divulgarem, em edital, o local onde será realizada a votação paralela.

22.SET

– Data a partir da qual nenhum candidato, membro de mesa receptora e fiscal de partido poderão ser detidos ou presos, salvo em flagrante delito.

27.SET

– Último dia para o eleitor requerer a segunda via do título eleitoral dentro do seu domicílio eleitoral.– Data a partir da qual os tribunais regionais eleitorais informarão por telefone, na respectiva página da Internet ou por outro meio de comunicação social, o que é necessário para o eleitor votar, vedada a prestação de tal serviço por terceiros, ressalvada a contratação de mão de obra para montagem de atendimento telefônico em ambiente supervisionado pelos tribunais regionais eleitorais, assim como para a divulgação de dados referentes à localização de seções e locais de votação.

2.OUT

– Data a partir da qual e até 48h depois do encerramento da eleição, nenhum eleitor poderá ser preso ou detido, salvo em flagrante delito, ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável ou ainda por desrespeito a salvo-conduto.

4.OUT

– Data a partir da qual o juízo eleitoral ou o presidente da mesa receptora poderá expedir salvo-conduto em favor de eleitor que sofrer violência moral ou física na sua liberdade de votar.- Último dia para a divulgação da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão.– Último dia para propaganda política mediante reuniões públicas ou promoção de comícios e utilização de aparelhagem de sonorização fixa entre as 8h e 24h.- Último dia para a realização de debate no rádio e na televisão, admitida a extensão do debate cuja transmissão se inicie nesta data e se estenda até as 7h do dia 5 de outubro de 2012.- Último dia para o juízo eleitoral remeter ao presidente da mesa receptora o material destinado à votação.

5.OUT

– Último dia para a divulgação paga, na imprensa escrita, e a reprodução na internet do jornal impresso, de propaganda eleitoral.

6.OUT

– Último dia para entrega da segunda via do título eleitoral.– Último dia para a propaganda eleitoral mediante alto-falantes ou amplificadores de som, entre as 8h e 22h.- Último dia, até as 22h, para a distribuição de material gráfico e a promoção de caminhada, carreata, passeata ou carro de som que divulguem jingles ou mensagens de candidatos.

7.OUT

 Dia das eleições, das 8h às 17h. A partir das 17h emissão dos boletins de urna e início da apuração e da totalização dos resultados.- Data em que há possibilidade de funcionamento do comércio, com a ressalva de que os estabelecimentos que funcionarem deverão proporcionar as condições para que seus funcionários possam exercer o direito/dever do voto.- Data em que é permitida a manifestação individual e silenciosa da preferência do eleitor por partido político, coligação ou candidato.- Data em que é vedada, até o término da votação, a aglomeração de pessoas portando vestuário padronizado, bem como bandeiras, broches, dísticos e adesivos que caracterizem manifestação coletiva, com ou sem utilização de veículos.- Data em que, no recinto das seções eleitorais e juntas apuradoras, é proibido aos servidores da Justiça Eleitoral, aos mesários e aos escrutinadores o uso de vestuário ou objeto que contenha qualquer propaganda de partido político, de coligação ou de candidato.- Data em que, no recinto da cabina de votação, é vedado ao eleitor portar aparelho de telefonia celular, máquinas fotográficas, filmadoras, equipamento de radiocomunicação ou qualquer instrumento que possa comprometer o sigilo do voto, devendo ficar retidos na mesa receptora enquanto o eleitor estiver votando.

– Data em que é vedado aos fiscais partidários, nos trabalhos de votação, o uso de vestuário padronizado, sendo-lhes permitido tão só o uso de crachás com o nome e a sigla do partido político ou coligação.

– Data em que deverá ser afixada, na parte interna e externa das seções eleitorais e em local visível.

– Data em que é vedada qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de seus candidatos.

– Data em que será realizada, das 8h às 17h, em cada unidade da Federação, em um só local, designado pelo respectivo TRE, os procedimentos, por amostragem, de votação paralela para fins de verificação do funcionamento das urnas sob condições normais de uso.

– Data em que é permitida a divulgação, a qualquer momento, de pesquisas realizadas em data anterior à realização das eleições e, a partir das 17h do horário local, a divulgação de pesquisas feitas no dia da eleição.

– Último dia para o partido político requerer o cancelamento do registro do candidato que dele for expulso, em processo no qual seja assegurada a ampla defesa, com observância das normas estatutárias.

– Último dia para candidatos e comitês financeiros arrecadarem recursos e contraírem obrigações, ressalvada a hipótese de arrecadação com o fim exclusivo de quitação de despesas já contraídas e não pagas até esta data.

8.OUT

– Data a partir da qual, decorrido o prazo de 24h do encerramento da votação (17h no horário local), é possível fazer propaganda eleitoral para o segundo turno.- Data a partir da qual, decorrido o prazo de 24h do encerramento da votação (17h no horário local), será permitida a propaganda eleitoral mediante alto-falantes ou amplificadores de som, entre as 8h e 22h, bem como a promoção de comício ou utilização de aparelhagem de sonorização fixa, entre as 8h e 24h.- Data a partir da qual, decorrido o prazo de 24h do encerramento da votação (17h no horário local), será permitida a promoção de carreata e distribuição de material de propaganda política.

9.OUT

– Término do prazo, às 17h, do período de validade do salvo-conduto expedido pelo juízo eleitoral ou presidente da mesa receptora.- Término do período, depois das 17h, em que nenhum eleitor poderá ser preso ou detido, salvo em flagrante delito, ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por desrespeito a salvo-conduto.

10.OUT

– Último dia para o mesário que abandonou os trabalhos durante a votação apresentar ao juízo eleitoral sua justificativa.

11.OUT

– Último dia para a Justiça Eleitoral tornar disponível em sua página da internet os dados de votação especificados por seção eleitoral, assim como as tabelas de correspondências efetivadas, observado o horário de encerramento da totalização em cada unidade da Federação.

12.OUT

– Último dia para o juízo eleitoral divulgar o resultado provisório da eleição para prefeito e vice-prefeito, se obtida a maioria absoluta de votos, nos municípios com mais de 200 mil eleitores, ou os dois candidatos mais votados, sem prejuízo desta divulgação ocorrer, nas referidas localidades, tão logo se verifique matematicamente a impossibilidade de qualquer candidato obter a maioria absoluta de votos.- Último dia para conclusão dos trabalhos de apuração pelas juntas eleitorais.

13.OUT

– Data a partir da qual nenhum candidato que participará do segundo turno de votação poderá ser detido ou preso, salvo no caso de flagrante delito.- Data limite para o início do período de propaganda eleitoral gratuita, no rádio e na televisão, relativo ao segundo turno, observado o prazo final para a divulgação do resultado das eleições.

23.OUT

– Data a partir da qual e até 48 horas depois do encerramento da eleição nenhum eleitor poderá ser preso ou detido, salvo em flagrante delito, ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por desrespeito a salvo-conduto.

25.OUT

– Último dia para propaganda política mediante reuniões públicas ou promoção de comícios.

26.OUT

– Último dia para a divulgação da propaganda eleitoral do segundo turno no rádio e na televisão.– Último dia para a divulgação paga, na imprensa escrita, de propaganda eleitoral do segundo turno.- Último dia para a realização de debate, não podendo estender-se além do horário de meia-noite.- Último dia para a Receita Federal encaminhar à Justiça Eleitoral, por meio eletrônico listas contendo: nome do candidato ou comitê financeiro; número do título de eleitor e de inscrição no CPF do candidato ou do presidente do comitê financeiro, conforme o caso; número de inscrição no CNPJ; e data da inscrição.

27.OUT

– Último dia para a propaganda eleitoral mediante alto-falantes ou amplificadores de som, entre as 8h e 22h.Último dia, até as 22h, para a distribuição de material gráfico e a promoção de caminhada, carreata, passeata ou carro de som que transite pela cidade divulgando jingles ou mensagens de candidatos.- Último dia para o TSE tornar disponível, na sua página da internet, a tabela de correspondências esperadas entre urna e seção.

28.OUT

– Dia da eleição, das 7h às 17h. A partir das 17h, emissão dos boletins de urna e início da apuração e da totalização dos resultados.- Data em que é possível o funcionamento do comércio, com a ressalva de que os estabelecimentos que funcionarem nesta data deverão proporcionar as condições para que seus funcionários possam exercer o direito/dever do voto.- Data em que é permitida a manifestação individual e silenciosa da preferência do eleitor por partido político, coligação ou candidato.- Data em que é vedada, até o término da votação, a aglomeração de pessoas portando vestuário padronizado, bem como bandeiras, broches, dísticos e adesivos que caracterizem manifestação coletiva, com ou sem utilização de veículos.- Data em que, no recinto das seções eleitorais e juntas apuradoras, é proibido aos servidores da Justiça Eleitoral, aos mesários e aos escrutinadores o uso de vestuário ou objeto que contenha qualquer propaganda de partido político, de coligação ou de candidato.- Data em que, no recinto da cabina de votação, é vedado ao eleitor portar aparelho de telefonia celular, máquinas fotográficas, filmadoras, equipamento de radiocomunicação ou qualquer instrumento que possa comprometer o sigilo do voto, devendo ficar retidos na mesa receptora enquanto o eleitor estiver votando.

– Data em que é vedado aos fiscais partidários, nos trabalhos de votação, o uso de vestuário padronizado, sendo-lhes permitido tão só o uso de crachás com o nome e a sigla do partido político ou coligação.

– Data em que é vedada qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de seus candidatos.

– Data em que será realizada, das 8h às 17h, em cada unidade da Federação, em um só local, designado pelo respectivo TRE, os procedimentos, por amostragem, de votação paralela para fins de verificação do funcionamento das urnas sob condições normais de uso.

– Data em que é permitida a divulgação, a qualquer momento, de pesquisas realizadas em data anterior à realização das eleições e, a partir das 17h do horário local, a divulgação de pesquisas feitas no dia da eleição.

– Último dia para candidatos e comitês financeiros que disputam o segundo turno arrecadarem recursos e contraírem obrigações, ressalvada a hipótese de arrecadação com o fim exclusivo de quitação de despesas já contraídas e não pagas até esta data.

30.OUT

– Término do prazo, às 17h, do período de validade do salvo-conduto expedido pelo juízo eleitoral ou pelo presidente da mesa receptora.- Término do período, depois das 17h, em que nenhum eleitor poderá ser preso ou detido, salvo em flagrante delito, ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por desrespeito a salvo-conduto.

2.NOV

– Último dia para o juízo eleitoral divulgar o resultado provisório da eleição para prefeito e vice-prefeito em segundo turno.- Último dia para o encerramento dos trabalhos de apuração do segundo turno pelas juntas eleitorais.

6.NOV

– Último dia para o mesário que faltou à votação de 7 de outubro apresentar justificativa ao juízo eleitoral.– Último dia para os candidatos, inclusive a vice e a suplentes, comitês financeiros e partidos políticos encaminharem à Justiça Eleitoral as prestações de contas referentes ao primeiro turno, salvo as dos candidatos que concorreram ao segundo turno das eleições.- Último dia para encaminhamento da prestação de contas pelos candidatos às eleições proporcionais que optarem por fazê-lo diretamente à Justiça Eleitoral.
Último dia para os candidatos, os partidos políticos e as coligações, nos Estados onde não houve segundo turno, removerem as propagandas relativas às eleições, com a restauração do bem, se for o caso.

16.NOV

– Último dia para a proclamação dos candidatos eleitos.

27.NOV

– Último dia para os candidatos, os partidos políticos e as coligações, nos estados onde houve segundo turno, removerem as propagandas relativas às eleições, com a restauração do bem, se for o caso.- Último dia para os candidatos, inclusive a vice e a suplentes, comitês financeiros e partidos políticos encaminharem à Justiça Eleitoral as prestações de contas dos candidatos que concorreram ao segundo turno das eleições.– Último dia para o mesário que faltou à votação de 28 de outubro apresentar justificativa ao juízo eleitoral.

6.DEZ

– Último dia para o eleitor que deixou de votar nas eleições de 7 de outubro apresentar justificativa ao juízo eleitoral.– Último dia para o juízo eleitoral responsável pela recepção dos requerimentos de justificativa, nos locais onde não houve segundo turno, assegurar o lançamento dessas informações no cadastro de eleitores, determinando todas as providências relativas à conferência obrigatória e digitação dos dados, quando necessário.

11.DEZ

– Último dia do prazo para a publicação da decisão do juízo eleitoral que julgar as contas dos candidatos eleitos

Vocês se lembram…


…deste meu post? Pois bem…eis as notícias mais recentes em relação a Washington D.C. e ao movimento Occupy:

Com base na lei que proíbe acampamento em praça pública, a polícia removeu no sábado a maioria das barracas do local de protesto do “Ocupe Washington” a poucos quarteirões da Casa Branca, que tem abrigado manifestantes durante meses.

Dezenas de policiais isolaram a McPherson Square e entraram no local antes do amanhecer para fazer cumprir o regulamento de não acampar. Os manifestantes estão na praça desde outubro, em protesto contra a desigualdade social, a ganância corporativa e que eles veem como uma estrutura tributária injusta que favorece os norte-americanos mais ricos.

Até o meio-dia, a polícia disse ter prendido seis pessoas, com pouco ou nenhum confronto. O National Park Service havia advertido repetidamente os manifestantes de que começaria fazer valer a proibição contra acampamento na McPherson Square e no Freedom Plaza, ambos a poucos quarteirões da Casa Branca.

“Esta não é uma expulsão”, disse o sargento da polícia David Schlosser. Ele disse que a polícia estava “se concentrando nas restrições a acampamento”.

A polícia inicialmente removeu uma lona decorada com estrelas e luas que recobria a estátua do Major General da Guerra Civil James McPherson. Os manifestantes se reuniam sob a lona durante a noite. Policiais e profissionais da vigilância sanitária removeram barracas, camas e lixo de perto da estátua. Depois eles se voltaram para outras áreas da praça, fazendo pilhas enormes com detritos acumulados nos últimos quatro meses.

Protestos similiares contra a desigualdade social e econômica em outras cidades norte-americanas foram fechados pela polícia.

A imprensa local em Austin, no Texas, informou que a polícia tinha removido um acampamento do movimento “Ocupe”, com sete prisões.

Manifestações na capital dos EUA têm sobrevivido a um inverno excepcionalmente ameno e uma abordagem permissiva por parte das autoridades federais relutantes em provocar o confronto.

Mas os locais tem sido alvo crescente de queixas de membros do Congresso e funcionários públicos por causa da sujeira e dos ratos. O local do protesto também vem atraindo pessoas desabrigadas.

Apesar da ação da polícia, o manifestante David Blaskette, 19, de Portland, Maine, prometeu manter os protestos enquanto montava uma barraca na praça. Ele disse ter ficado 48 horas sem dormir como protesto.

“Há uma grande quantidade de pessoas que estão em greve de sono só para mostrar que vamos ficar aqui e lutar por aquilo em que acreditamos e nada vai impedir o nosso caminho”, disse Blaskette.

(Reportagem adicional de Will Dunham)”

&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&

Criador do Occupy Wall Street quer novo partido nos EUA e reinvenção da esquerda

Muita gente nunca ouviu falar na revista Adbusters. Editada em inglês em Vancouver, no Canadá, a publicação com tiragem mundial de 120 mil exemplares tem como objetivo declarado desestabilizar as estruturas de poder existentes no mundo e forjar uma mudança na forma como as pessoas viverão no século 21. Missão impossível?  O editor-chefe da revista, Kalle Lasn, garante que não. Foi com essa certeza que a modesta revista iniciou um movimento que promete abalar as estruturas do sistema politico norte-americano neste ano eleitoral.

Reprodução
Inspirado pelos acontecimentos da Primavera Árabe, Lasn e sua equipe criaram uma peça publicitária [imagem ao lado]em que uma bailarina pairava sobre o touro símbolo de Wall Street. O texto fazia apenas uma pergunta: “Qual a sua exigência?”, divulgava a hashtag #occupywallstreet e pedia para as pessoas levarem uma barraca para o centro financeiro de Nova York no dia 17 de setembro do ano passado.

O chamado catalizou a insatisfação, em especial dos jovens, com a crise econômica internacional, com a concentração de riquezas e com a influência cada vez maior das corporações sobre governos em todo o mundo. Milhares de pessoas atenderam ao pedido e ocuparam praças e outros espaços públicos nas principais capitais dos Estados Unidos e em mais de 1.500 cidades em 83 países. Lasn, um estoniano de 69 anos radicado no Canadá desde a década de 1980, ainda se surpreende ao analisar a dimensão do movimento. Nesta entrevista exclusiva ao Opera Mundi e à Carta Maior, ele fala da decepção com o governo de Barack Obama, explica por que é contra as corporações e como trabalha para criar um terceiro partido nos Estados Unidos.

– – –

Como surgiu a ideia do Occupy Wall Street?
Quando começou a acontecer a mudança de regime na Tunísia, um momento muito excitante para o ativismo em todo o mundo e especialmente para nós, que vínhamos pedindo por esse tipo de revolução há 20 anos. Depois houve no Egito uma mudança de um regime duro instigada por jovens a partir do uso das mídias sociais e que levou as pessoas às ruas para exigir mudanças. Tudo isso nos fez pensar que nos Estados Unidos também há um tipo de regime. Não é como o do Egito, mas ainda assim é um regime que tem o poder, em que as megacorporações tem o poder de controlar Washington, o coração da democracia americana, e Wall Street, que tem o poder de controlar o destino econômico da América. Muitos jovens nos EUA sentem que todos os aspectos de suas vidas, como o tipo de sapato que compram, a música que escutam, ou a comida que comem, são de alguma forma controladas por poucas e poderosas megacorporações. Foi assim que começamos: precisamos de uma mudança de regime suave na América e como podemos realizá-la.

O que aconteceu depois de criado o slogan “Occupy Wall Street”?
O melhor a fazer era não tentar algo em Washington, mas sim em Nova York, e convocar as pessoas para ocupar o ícone do capitalismo global em Wall Street. Foi uma ideia muito poderosa naquele momento, quando muita gente odiava Wall Street pelo que aconteceu em 2008. Uma vez decidido que queríamos ocupar Wall Street, criamos um pôster, com a hashtag #occupywallstreet e assim que lançamos o feed no twitter as coisas começaram a ficar loucas. Passamos a divulgar os briefings táticos, enviando mensagens para as 90 mil pessoas que integram nossa rede global de ativistas e, aleluia, a ideia ganhou vida própria e agora estamos montados em um tigre.

O senhor se surpreendeu com a força do movimento?
Sabíamos que em Nova York seria uma grande explosão, um big bang. As pessoas estavam se organizando e bastante excitadas. O movimento chegou a Chicago e depois a Los Angeles, começou a cruzar fronteiras aqui no Canadá e, em meados de outubro, de repente havia mais de mil ocupações em todo o mundo. Nós apenas ficamos boquiabertos assistindo a tudo isso na Al Jazeera.

Gerrit van Aaken/Flickr.com

O senhor acompanha o avanço do movimento por outras cidades e países?
Sim, mantemos contato próximo com o máximo de pessoas possível. É como montar um tigre e é difícil monitorar todos eles, mas estamos em contato com as pessoas que organizaram as coisas originalmente no Zuccotti Park, com gente na Espanha, com ativistas em Londres e conhecemos muitos anarquistas na Grécia e pessoas de esquerda na Itália. Temos essa grande rede de contatos e as pessoas estão nos mandando informações o tempo todo de uma maneira muito efetiva.

O senhor é o líder do movimento?
Não, mas como iniciamos o processo e tivemos a ideia original, temos credibilidade. Há um ‘brainstorm’ global permanente acontecendo e a Adbusters faz parte dele. Uma das coisas maravilhosas, misteriosas e mágicas desse movimento é que ele nasceu sem liderança, sem demandas. Mas, como você sabe, sempre há líderes. Eles podem não se considerar líderes, mas no Zuccotti Park sempre havia alguém responsável pela área de mídia, outros encarregados da cozinha e trabalhando para que todos comessem bem. Os seres humanos por natureza têm os seus líderes. Por isso o movimento é complexo, um tipo de dança entre não ter líderes mas ter líderes, não ter demandas mas ainda assim ter demandas

É como o anarquismo?
Sim, é como o anarquismo. Você nunca sabe para onde está indo. É louco, muda todos os dias, mas há um tipo de liberdade, de espontaneidade. É como tocar jazz, como se todos os ocupantes fossem músicos que tocam uma música diferente a cada dia. Algumas vezes cantamos juntos e outras, separados. Improvisação é o nome do jogo e é por isso que o movimento tem sido um incrível sucesso ao lançar uma coalizão primeiro nos EUA e depois em outros países.

Qual sua avaliação do governo do presidente Barack Obama?
Todos acreditamos em Obama e na visão que ele apresentava. Mas assim que assumiu o poder ele começou a recuar em todas as decisões importantes que precisavam ser tomadas, como a questão dos presos em Guantánamo, a regulamentação do mercado financeiro e mesmo em relação à guerra no Afeganistão. Obama sempre ficou em cima do muro e não mostrou a ousadia que parecia ter. Ele deve ser reeleito, mas sem o apoio entusiasmado dos jovens americanos. E também porque os candidatos republicanos não têm carisma, visão e parecem um bando de perdedores.

Adbusters pretende apoiar Obama, como na eleição anterior?
Nós o apoiamos no passado. Ficamos tão impressionados com a visão dele sobre a direção que os EUA deveriam seguir, da política externa, mas estamos desiludidos. Este ano lutaremos pela criação de um terceiro partido nos EUA. Por muito tempo as opções políticas no país eram a Pepsi-Cola ou a Coca-Cola, os Republicanos ou os Democratas. As garrafas parecem diferentes, mas o conteúdo e o sabor são parecidos. A discussão sobre a plataforma do partido começará na Internet e se conseguirmos alguns milhões de pessoas para apoiar o novo partido faremos uma convenção. Não há qualquer chance de vencermos as próximas eleições, mas acho que podemos fazer o papel do desmancha-prazer e, em quatro ou cinco anos, teríamos possibilidades reais de nos tornarmos uma nova e poderosa voz política nos EUA.

Seria um partido de esquerda?
Não será necessariamente de esquerda porque a linha tênue que separa a esquerda da direita está em desordem há algum tempo. O fato é que tanto simpatizantes do Occupy Wall Street como do Tea Party estão desiludidos com o rumo dos EUA. De certa maneira, emocionalmente não há grande diferença entre o Tea Party e o pessoal do Occupy Wall Street. É claro que o pessoal do Tea Party, a direita política, odeia o governo e quer derrubá-lo. E nós não nos preocupamos com o governo, desde que seja eficiente, mas odiamos as corporações. Por isso acredito na possibilidade deste terceiro partido ser um estranho híbrido, unindo pessoas da esquerda e da direita.

Como vocês pretendem financiar o novo partido?
Há um grupo de pessoas tentando lançar um partido na Internet que conseguiu levantar alguns milhões de dólares com pessoas que acham excelente a ideia de um terceiro partido. Foi o que aconteceu com Obama. Ele surpreendeu todo mundo quando foi eleito ao conseguir doações de baixo valor de um grande número de pessoas. É possível para os jovens americanos enviar 25 dólares aqui, 50 dólares ali e com isso levantarmos milhões de dólares para realizar uma convenção. Também podemos conseguir milhões de dólares de alguns gatos ricos e gordos.

Atacar as instituições financeiras não é demogagia? Os bancos não são importantes?
A economia global e o atual paradigma econômico, neoliberal e neoclássico, estão totalmente no abismo. Temos uma economia global em que algo entre 1 trilhão e 3 trilhões de dólares são negociados diariamente em derivativos, swaps e todo tipo de instrumentos financeiros. Esse valor é 50 vezes maior do que as transações comerciais que significam alguma coisa para a economia real, para as pessoas de verdade, para os empregos de verdade. As pessoas que trabalham no mercado financeiro criaram um espécie de cassino global. São pessoas que colocam dinheiro aqui e dez minutos depois o transferem para outro lugar. 90% da economia mundial refere-se a fazer dinheiro em cima de dinheiro ad nauseum, sem nada real. Por isso há um sentimento muito forte no Occupy Wall Street de que esse cassino global precisa ser desmontado.

O problema então é o modelo, e não que o senhor seja contra os bancos
Não somos contra os bancos. Bancos são bancos, sempre estiveram e sempre estarão na praça. É claro que precisamos dos bancos, mas não precisamos que os bancos se tornem parte do cassino global. Precisamos de bancos que peguem dinheiro de quem tem dinheiro e o empreste para as pessoas comprarem uma casa ou começarem um negócio. Não precisamos que os bancos comecem a operar derivativos, swaps e nem que façam parte desse cassino global. Os bancos têm um papel que no momento está totalmente distorcido. Por isso os Estados Unidos estão em declínio. Por muitos anos pensou-se que poderíamos mandar nossas fábricas para a China, Indonésia e várias partes do mundo e, com a mão no mouse, apostar dinheiro no mercado financeiro à vontade. Só que agora começam a descobrir que isso não é uma fundação muito sólida para uma economia vibrante.

Mas e as pessoas que se beneficiaram do crédito fácil e irresponsável oferecido pelos bancos? Elas não têm sua parcela de culpa, ao tomar empréstimos que não tinham condições de pagar?
A única forma de a economia crescer num período em que os EUA mandavam suas fábricas para a China, Índia e Indonésia era apostar no mercado financeiro. Por isso os bancos estavam desesperados para emprestar para qualquer pessoa, inclusive desempregados. Gente sem condições de tomar empréstimos altos estavam recebendo empréstimos altos. Foi uma espécie de disfunção dentro do sistema americano, um problema cultural. De repente a cultura americana está ficando rota e eu responsabilizo algumas pessoas que tomaram aqueles empréstimos tanto quanto responsabilizo os bancos e o sistema financeiro. Eles são imorais.

O que leva alguém que nasceu na Estônia, viveu na Austrália, Japão e se radicou no Canadá a fazer política nos Estados Unidos?
Viajei muito quando tinha 20 e poucos anos. Fui à Índia, Afeganistão, Panamá e, para mim, o mundo é o mundo. Tudo está conectado e pude ver como as pessoas em alguns dos países mais pobres do mundo estavam sofrendo e levando uma vida terrível por causa da forma como o primeiro mundo tratava o terceiro mundo. Todos vivemos no mesmo mundo, e o que acontece com o Goldman Sachs ou o que algumas pessoas fazem em Wall Street pode me fazer sofrer aqui no Canadá, podem te fazer sofrer no Brasil, na Índia. Vivemos num mundo globalizado e temos que nos acostumar a isso. Não há nada estranho nem engraçado sobre uma pessoa que nasceu na Estônia e vive no Canadá lutar por um sistema diferente nos Estados Unidos.

Qual é o principal desafio para o movimento hoje?
Agora temos que saltar sobre o cadáver da velha esquerda política. A nova esquerda, formada por jovens liderados pela cultura da Internet, fez algo mágico acontecer e saltou sobre o cadáver da velha esquerda. O grande desafio agora é dos jovens de esquerda de todo o mundo, que precisam criar uma rede de contatos, fazer ‘brainstorms’ e descobrir se terão a coragem, a energia, as ideias e os programas para promover uma profunda transformação no capitalismo global. A esquerda terá a coragem, o poder e a resiliência para finalmente quebrar com esses terríveis 30 anos em que nos tornamos um bando de pessoas que choram, reclamam, apontam culpados, pessoas totalmente inefetivas que não fizeram coisa alguma? Esse é o grande desafio.

O senhor tem medo de ser preso?
Não.

Não acha que isso pode acontecer? Ser processado?
Bom, não sei. Moro no Canadá e tenho que ir aos Estados Unidos. Da próxima vez que eu cruzar a fronteira…diabos…talvez eu seja preso. Da última vez eu disse: ‘OK, na próxima semana tenho que ir a Seattle”. E pensei comigo: ‘Bom, eu provoquei muitos problemas nos EUA e talvez eles tenham me colocado numa lista de terroristas ou de pessoas procuradas pela polícia’. É muito desapontamento, há um regime brutal agora nos EUA, que usam mísseis por controle remoto para matar os próprios cidadãos acusados de terrorismo. Há uma ala da direita muito poderosa nos EUA. É muito assustador, portanto talvez eu pense duas vezes na próxima vez que tenha que ir. Talvez eu toque um tipo especial de jazz (risos).

Thieves like us!